Uma semana após acordo, crise econômica na UE ainda gera tensão

Uma semana após acordo, crise econômica na UE ainda gera tensão

DA BBC BRASIL

Uma semana depois que 26 países da União Europeia (UE) concordaram em adotar uma política fiscal unificada, com o objetivo de tentar salvar as economias do bloco e preservar o euro, os temores de um colapso financeiro persistem, com os principais líderes do continente buscando soluções para a crise, em meio a instabilidade política e no mercado.

Na Itália, o primeiro-ministro Mario Monti ganhou com folga nesta sexta-feira um voto de confiança do Parlamento em relação aos cortes de gastos propostos pelo seu governo. Mesmo assim, servidores públicos planejam uma greve geral de oito horas para a próxima segunda-feira, em protesto contra os cortes.

Monti afirma que seu programa é fundamental para evitar que a Itália entre em um colapso financeiro semelhante ao que sofreu a Grécia. As medidas de austeridade serão votadas pelo Senado italiano na próxima semana.

Também na segunda-feira, o futuro primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, deverá fazer um discurso à Câmara Baixa do Parlamento do país, dando detalhes sobre como ele pretende atacar a crise da dívida que assola o país.

Nessa quinta-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de dez bancos espanhóis, ao aplicar um novo critério de qualificação.

Já a agência Fitch cortou a nota de crédito de alguns dos maiores bancos do mundo, citando difíceis condições financeiras e econômicas. Entre os atingidos, estão Deutsche Bank (Alemanha), BNP Paribas (França), Crédit Suisse (Suíça), Barclays (Grã-Bretanha), Citigroup, Bank of America e Goldman Sachs (os três dos EUA).

O acordo fiscal da UE também rendeu afirmações polêmicas envolvendo duas das principais economias do mundo. Depois que a Grã-Bretanha se negou a ratificar o acordo fiscal da UE, alegando que ele não trazia segurança a seu mercado financeiro, o governo da França partiu para o ataque.

O ministro das Finanças francês, François Baroin, afirmou nesta sexta-feira, em entrevista a uma rádio, que a economia britânica está em uma situação “preocupante”, enquanto o presidente do Banco Central do país sugeriu que a Grã-Bretanha tenha rebaixada a nota de sua dívida.

O gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron, se negou a responder às críticas, limitando-se a declarar que o país estará “totalmente comprometido” com as negociações na UE.

A própria França parece estar na iminência de perder a nota máxima “AAA” de sua dívida, concedido pela Standard & Poor’s. Nessa quinta-feira, a agência oficial de estatísticas francesa (INSEE) afirmou que o país entrará tecnicamente em recessão entre o último trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2012.

Além da França, a Standard & Poor’s colocou outros 14 países da zona do euro em revisão para possível rebaixamento, inclusive a Alemanha, que também tem nota máxima “AAA” para sua dívida.

RISCO GLOBAL

Com o risco de que a crise da Europa se espalhe, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, alertou que as perspectivas econômicas são “nebulosas” e nenhum país está imune ao cenário de crise.

“Nenhuma economia no mundo está imune à crise que vemos não apenas avançar, mas escalar”, afirmou ela nessa quinta-feira. “Esperamos que seja resolvida por todos os países, com todos agindo.”

Depois de uma semana turbulenta, os mercados financeiros operam em um clima mais tranquilo nesta sexta-feira. Analistas afirmam que a calmaria se deve mais à proximidade das festas de fim do ano do que com a situação europeia.

As principais bolsas de valores da Europa operavam em altas entre 0,5% e 1%. O euro, por sua vez, teve uma valorização moderada, chegando a US$ 1,3075, depois de atingir seu nível mais baixo em relação à moeda americana em 11 meses.

Já os juros da dívida de longo prazo da Itália caíram pelo segundo dia consecutivo, chegando a 6%, nível considerado alto, mas não crítico. Na quarta-feira, a taxa de endividamento italiana chegou a quase 7%.

http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1022364-uma-semana-apos-acordo-crise-economica-na-ue-ainda-gera-tensao.shtml

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