SISTEMA FINANCEIRO MUNDIAL DEVE SE BASEAR EM OUTRAS MOEDAS ALÉM DO DÓLAR, DEFENDE MANTEGA
SISTEMA FINANCEIRO MUNDIAL DEVE SE BASEAR EM OUTRAS MOEDAS ALÉM DO DÓLAR, DEFENDE MANTEGA
Renata Giraldi
Enviada Especial
Seul – Na véspera das reuniões dos líderes políticos mundiais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (10) em Seul, na Coreia do Sul, que há reações negativas à decisão do governo dos Estados Unidos de comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro na tentativa de conter a desvalorização da moeda norte-americana. Para Mantega, deve haver uma reforma no sistema financeiro mundial para que a economia não se baseie apenas no dólar.
Mantega disse que, para evitar que eventuais crises nos Estados Unidos atinjam o restante do mundo, o ideal é definir uma nova ordem no sistema financeiro internacional a partir da multimoeda.
Como exemplo, o ministro citou o que ocorre com o direito especial de saque que autoriza o uso de quatro moedas distintas – o dólar, o yuan (da China), o euro (da União Europeia) e a libra esterlina (da Inglaterra).
Para Mantega, as reações negativas de vários países, principalmente os em desenvolvimento, em relação à decisão norte-americana pressionarão o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a adotar alterações.
Segundo o ministro, o documento final da Cúpula do G20 – que reúne as maiores economias mundiais – incluirá o alerta de parte da comunidade internacional sobre a ameaça de desequilíbrio para a economia global devido a medidas isoladas por parte de alguns governos. O texto será divulgado na sexta-feira (12).
A advertência, segundo Mantega, é válida também para a China, o Japão e a Alemanha, que adotaram medidas internas na tentativa de salvar as exportações e acabaram afetando o mercado global. “Haverá [no documento] referências às possibilidades macroeconômicas para os países que sofrem interferência de manipulação cambial”, disse ele.
De acordo com o ministro, as divergências existentes entre os integrantes do G20 atualmente não são maiores do que outras registradas em discussões em anteriores. “Nós tentamos o entendimento, mas imaginem que são 20 [governos de] países olhando vírgula por vírgula e cada detalhe, não é fácil.”
Mantega lembrou que as dificuldades atuais são agravadas pelos obstáculos vividos por alguns países que não conseguiram ainda vencer os efeitos da crise financeira mundial. “Há divergências e diferenças internas, como o caso dos Estados Unidos, pois o presidente [Barack] Obama tem dificuldades de fazer reformas econômicas internas, por exemplo”, afirmou.
Edição: Juliana Andrade