SÃO BERNARDO (SP): FUNCIONÁRIOS FARÃO MANIFESTO CONTRA IMPORTAÇÕES

Trabalhadores da indústria se reunirão amanhã no Km 12,5 da Via Anchieta, em São Bernardo, para uma manifestação promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo com o objetivo discutir nova política industrial para frear a entrada de produtos importados no País.

O manifesto está marcada para começar às 8h. “A ideia é discutir quais são as possibilidades para que o mercado brasileiro atraia investimentos e gere empregos. As importações estão prejudicando a indústria como um todo, desde o setor automobilístico até o químico e o de vestuário”, sinaliza o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre.

Segundo ele, a previsão para este ano é de que o volume de veículos importados ultrapasse a marca de 1 milhão – o equivalente à produção da Volkswagen em 2010. “Apenas no ano passado, 103 mil empregos poderiam ter sido gerados não fosse a balança comercial desfavorável.”

Sindicatos e integrantes da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores defendem a instalação das empresas estrangeiras no País para a produção de veículos e não apenas para a montagem do automóvel. “Não queremos ser apertadores de parafusos. Queremos desenvolver o setor por meio de novas tecnologias, absorver mão de obra de qualidade que temos no País, como os engenheiros que se formam. Atualmente, os profissionais saem do Brasil por falta de oportunidade. Somos a favor da competitividade sadia. Além disso, se produzirmos os veículos aqui, pagaremos menos impostos”, pntua Nobre.

Ele afirma ainda que o sindicato, junto às demais entidades, pede audiência com a presidente Dilma Rousseff para apresentar os problemas enfrentados pelo setor. “Com a valorização da moeda brasileira frente ao dólar é preciso estudar uma política que não freie o desenvolvimento do mercado interno.”

Para o presidente do SMABC, o cenário atual preocupa, já que a indústria é a base da economia. O nível de emprego crescente no País (como apontam as últimas pesquisas) é reflexo dos setores de serviços e comércio. “A indústria de transformação já não gera empregos como antes. Estamos fazendo o contrário e sucateando nosso segmento.”

O diretor executivo da Confederação Nacional da Indústria, José Augusto Fernandes compartilha da mesma opinião. Para ele, a indústria está perdendo espaço na economia brasileira. “Ao longo dos últimos anos, o setor reduziu a participação no PIB, no emprego e nas exportações. Mas os instrumentos para frear esse processo estão nas mãos do governo e do Congresso.”

Dados da CNI mostram que a participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 35,9% em 1984 para 15,8% no ano passado. O setor que foi responsável por 30,6% de todos os postos de trabalho no País em 1985, hoje emprega apenas 17,4% do contingente.

Segundo Fernandes, vários fatores contribuem para a perda de espaço da indústria. Questões macroeconômicas, como o novo padrão de crescimento global e a recente política econômica – que acelerou os gastos públicos, aumentou os juros e fortaleceu o real – contribuíram para a perda de participação, sem falar nos fatores estruturais, como o aumento da terceirização e a alta do custo de produção.

 

FONTE: http://www.fsindical.org.br/portal/conteudo.php?id_con=13915

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