Reunião para formar governo de coalizão fracassa na Grécia
Reunião para formar governo de coalizão fracassa na Grécia
DA FRANCE PRESSE
Após um final de semana de reuniões com dirigentes dos partidos que obtiveram maior representação parlamentar nas eleições de 6 de maio, o presidente grego, Carolos Papoulias, propôs nesta segunda-feira a três líderes de partidos políticos a formação de um governo de tecnocratas com o apoio do Parlamento, segundo informações do líder do partido socialista Pasok, Evangelos Venizelos, que apoiou a ideia.
Uma nova reunião com os dirigentes de todos os partidos políticos, à exceção do neonazista Amanhecer Dourado, ocorre amanhã às 8h de Brasília, informou Venizelos após a reunião com o chefe de Estado.
Antonis Samaras, líder do partido conservador Nova Democracia e o mais votado nas eleições legislativas de 6 de maio, se disse disposto a discutir essa opção.
Fotis Kuvelis, líder do partido Esquerda Democrática (Dimar), rejeitou a formação de um governo sem personalidades políticas, mas disse que participará da reunião de terça-feira.
Papoulias tenta com isso obter “um consenso nacional” para formar um governo e evitar novas eleições legislativas, aliviando assim uma situação caótica nos mercados, que já apostam na saída do país da zona do euro.
SAÍDA DO BLOCO
Segundo analistas, a saída da Grécia da moeda única já deixou de ser um tabu na Europa e agora o foco estaria em pressionar o país para que aplique as medidas de austeridade ou deixe a união monetária de vez.
“Queremos que a Grécia permaneça no euro”, afirmou a porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde, antes da reunião, mas recordou a advertência do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso: “se um membro do clube não respeita as regras, o melhor é que saia do clube”.
As esperanças de avanço nas negociações entre os líderes dos principais partidos gregos para tentar alcançar um acordo de governo diminuem progressivamente, aumentando assim a possibilidade da convocação de novas eleições em junho.
Segundo o líder do Dimar, Fotis Kuvelis, pró-europeu, formar um novo governo de unidade na Grécia será impossível.
“Não poderá surgir nenhum governo de união”, disse Fotis Kuvelis, ao comentar a firme rejeição do partido da esquerda radical Syriza a participar de uma coalizão com social-democratas e conservadores, em referência ao Pasok e à ND (Nova Democracia), que acordaram os planos de austeridade com a UE (União Europeia).
ESPANHA
A Espanha, apesar de estar também no foco das preocupações europeias, disse à Grécia que “a permanência no euro implica em uma série de obrigações”, conforme declarou o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, em sua chegada à reunião com seus sócios europeus em Bruxelas, em um encontro prévio à reunião de ministros das Finanças.
“O melhor que a Grécia poderia fazer por sua própria sobrevivência e pela sobrevivência da União Monetária é formar um governo o quanto antes e confirmar o cumprimento das medidas de rigor necessárias para que o país continue recebendo ajuda”, disse o chanceler espanhol, cujo país também está sujeito a duras medidas de ajuste acordadas com Bruxelas.
O governo alemão também exortou Atenas a cumprir os compromissos assumidos em sua agenda de reformas e nos prazos previstos, declarou nesta segunda-feira uma porta-voz do ministério das Finanças.
“É o único caminho e o mais justo para a recuperação da Grécia”, disse esta porta-voz à imprensa. “Este programa é valido inclusive depois das eleições” na Grécia, que levaram a um caos político, já que depois de uma semana os partidos não foram capazes de formar um governo de coalizão.
Temerosas com relação à Grécia, as principais bolsas europeias fecharam a segunda-feira com fortes quedas. A Bolsa de Londres perdeu 1,97%, a de Frankfurt recuou 1,94%, a de Madri 2,66%, a de Paris 2,29%, a de Milão 2,74% e a de Atenas 4,56%.