RELATÓRIO DESENVOLVIMENTO HUMANO DA ONU REVELA PROGRESSOS E ENORMES BRECHAS

RELATÓRIO DESENVOLVIMENTO HUMANO DA ONU REVELA PROGRESSOS E ENORMES BRECHAS

Agencia EFE

Nações Unidas, 4 nov (EFE).- O relatório anual sobre o desenvolvimento humano em 2010, divulgado nesta quinta-feira na ONU, revela alguns progressos e enormes desigualdades dentro e entre os países, assim como profundas disparidades entre mulheres e homens em uma ampla gama de indicadores de desenvolvimento.

Com o nome de “A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano”, distribuído em dez idiomas nas versões impressa e digital, o relatório ressalta que há prevalência de pobreza multidimensional extrema na Ásia meridional e África Subsaariana.

O documento detalha os efeitos da crise financeira de 2008, à qual classifica como a “pior” de várias décadas por ter destruído 34 milhões de postos de trabalho e fazer com que outros 64 milhões de pessoas vivam abaixo da linha de pobreza com US$ 1,25 ao dia.

“Ainda existe a ameaça de voltar a entrar em recessão após um breve período de crescimento e poderiam levar anos antes de conseguir a plena recuperação”, alerta a ONU.

Os analistas acrescentaram três novos índices que complementam o de desenvolvimento humano (IDH) tradicional, que se referem à desigualdade em geral, à desigualdade de gênero e à pobreza multidimensional (IPM), que analisaram 169 países.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Helen Clark, e o prêmio Nobel de Economia Amartya Sen, que junto do já falecido economista Mahbub ul Haq, quem ajudou a elaborar o primeiro Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 1990, apresentarão o documento em entrevista coletiva posterior nas Nações Unidas.

“As provas são claras e conclusivas em um aspecto fundamental: os países podem fazer muitíssimo para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, até em situações adversas”, assinala Clark no documento, no qual afirma que os avanços “nunca são automáticos: exigem vontade política, liderança e o compromisso permanente da comunidade internacional”.

Para elaborar este índice do desenvolvimento humano os analistas da ONU utilizaram novas metodologias e mais dados, como substituir o de Produto Interno Bruto (PIB) per capita pela “Receita Nacional Bruta per capita”, que inclui as entradas por remessas e a assistência internacional para o desenvolvimento, por exemplo.

Assim, 20 anos depois da elaboração do primeiro IDH continua sendo válida sua afirmação que “a verdadeira riqueza de uma nação está em sua gente”, e embora o mundo seja hoje um lugar muito melhor do que em 1990 ou em 1970, “a brecha em desenvolvimento humano continua sendo enorme”.

O documento acrescenta que “os países que conseguiram ser ricos são os que investiram enormes recursos em saúde e educação”.

O IDH assinala progressos na esperança de vida, escolarização, alfabetização e receita e ressalta que dos países analisados há 40 anos somente a República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbábue, têm menor desenvolvimento humano nos dias atuais do que em 1970.

Nesse período, os que menos avançaram foram os afetados pela epidemia da aids na África Subsaariana e os da ex-União Soviética, onde a mortalidade de adultos cresce, com uma esperança de vida atual menor do que na década de 70.

Entre os que mais apresentaram avanços no IDH estão “os conhecidos pela natureza ‘milagrosa’ de seu crescimento econômico: China, Indonésia e Coreia do Sul”, embora Nepal, Omã e Tunísia tenham engrossado a lista.

Os 20 países com maior desenvolvimento humano correspondem às economias mais ricas, com a Noruega na liderança, seguida pela Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Irlanda, Liechtenstein, Holanda, Canadá, Suécia, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Suíça, França, Israel, Finlândia, Islândia, Bélgica, Dinamarca e Espanha.

Com IDH elevados aparecem boa parte dos latino-americanos como Chile (45), Argentina (46), Uruguai (52), Panamá (54), México (56), Costa Rica (62), Peru (63), Brasil (73), Venezuela (75), Equador (77) e Colômbia (79), enquanto na zona média estão El Salvador (90), Bolívia (95), Paraguai (96), Honduras (106), Nicarágua (115) e Guatemala (116) e na baixa, Haiti (145).

Na África Subsaariana está a maior incidência de pobreza multidimensional, com uma média de 65%, com mínimo de 3%, na África do Sul, para 93% de Níger.

O relatório indica que a metade da população pobre do mundo, está nos países da Ásia do Sul (844 milhões), em comparação com um total de 458 milhões de pobres que residem nos países da África Subsaaariana.

Igualmente assinala que desde 1980, a desigualdade na distribuição da receita aprofundou mais do que diminuiu, e “para cada país que reduziu a desigualdade nos últimos 30 anos, acima de dois pioraram”.

Além disso, 1,750 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza multidimensional, o que reflete privações em saúde, educação e nível de vida e são 1,440 bilhão os que subsistem com menos de US$ 1,25 por dia. EFE

FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/relatorio-desenvolvimento-humano-da-onu-revela-progressos-e-enormes-brechas.html

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