REDUÇÃO DO NÚMERO DE CASOS DE HANSENÍASE NO MARANHÃO
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), no ano passado, foram registrados 3.597 casos de hanseníase em todo o Estado, enquanto, em 2009, foram notificados 3.872. “Apesar da redução de 275 casos registrados, o Maranhão ainda é o quarto estado que mais apresenta casos da doença”, declara a Profª Drª Maria Luiza Cruz, autora do projeto “Atenção farmacêutica em doenças negligenciadas: Tuberculose e Hanseníase”, promovido pela Farmácia Universitária Profº Ernani Ribeiro Garrido, da Universidade Federal do Maranhão.
A cidade de São Luís apresenta uma particularidade preocupante: 10% dos 600 novos casos ocorridos em 2010 foram registrados em menores de 15 anos. “Esses números significam que existem adultos infectados que não estão sendo tratados”, afirma Cruz. Segundo ela, a deficiência no diagnóstico da doença, a automedicação e o abandono do tratamento pelo paciente são as principais causas da grande incidência da doença no Estado.
O projeto desenvolvido por Cruz realiza o acompanhamento farmacoterapeutico de pacientes portadores de tuberculose ou de hanseníase com o objetivo de ajudá-los a cumprir o tratamento no tempo previsto, ao redor de um ano, alcançando a cura. Atualmente, há seis pessoas hansenianas que estão sendo acompanhadas pela Farmácia, entre homens mulheres e crianças, na Unidade Mista do Itaqui Bacanga.
Em geral, algumas pessoas não fazem o tratamento por medo ou devido ao preconceito advindo da família, da sociedade ou de si próprio. “Há três pessoas na Unidade Mista do Itaqui-Bacanga que não aceitaram fazer o tratamento”, destaca Cruz. Quando um paciente não comparece ao posto de saúde para realizar o tratamento, agentes de saúde do Programa de Saúde da Família, do governo federal, fazem a busca ativa, visitas à residência dos portadores de enfermidades, com o objetivo de estimulá-los a continuar o processo. “Infelizmente a busca ativa é limitada na unidade Itaqui-Bacanga, pois não está incluída no programa”, enfatiza Cruz.
Além da ocorrência da doença em menores de 15 anos, outro ponto preocupante é o aparecimento de casos de teratogenia (má formações raras nos membros afetando mais os braços que as pernas, dentre outros efeitos) detectados em Cajari, interior do Estado. Na cidade, um recém-nascido e uma criança com 12 anos, que apresentam a anomalia, foram identificados como filhos de portadoras de hanseníase que fizeram uso de talidomida, uma das substâncias utilizadas no tratamento, durante a gravidez.
No Maranhão, há 60 unidades de referência no tratamento contra a hanseníase, que seguem os protocolos nacionais de controle da doença, possuem técnicos e enfermeiros treinados e médicos especializados. O Centro de Saúde Genésio Rego, localizado na Vila Palmeira, é a unidade que coordena o atendimento em São Luís.
De acordo com Cruz, três alunos da UFMA já procuraram a Farmácia e foi constatado que dois apresentam a forma multibacilar (presença de mais de cinco manchas) da doença, os quais já estão sendo tratados na Unidade Mista do Itaqui Bacanga. O atendimento nesta unidade é realizado de segunda a sexta-feira, de manhã e à tarde.
Para mais informações sobre o Projeto “Atenção farmacêutica em doenças negligenciadas: Tuberculose e Hanseníase” entrar em contato com a Farmácia Universitária Profº Ernani Ribeiro Garrido pelos telefones 3301-8743 / 8204-8135.
Saiba mais sobre a Hanseníase
A falta de condições sanitárias adequadas é a principal causa da doença. A transmissão ocorre por meio das vias respiratórias (tosse e espirro) de pessoas infectadas que estão sem tratamento e os sintomas se manifestam no período de dois a 10 anos. Os principais sintomas são: manchas pelo corpo com perda ou alteração de sensibilidade, úlceras de pernas e pés, caroços, febres, edemas, entre outros.
Os serviços públicos de saúde disponibilizam o tratamento específico da enfermidade, a poliquimioterapia, que utiliza a combinação de três medicamentos. O tratamento precoce e contínuo leva à cura de forma mais rápida e segura. Não existe tratamento preventivo, contudo, a vacina contra a tuberculose ajuda, em parte, a conferir imunidade contra a hanseníase, porque as duas doenças são causadas por micobactérias aparentadas.