PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS CONSIDERA AJUDA FINANCEIRA EXTERNA

PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS CONSIDERA AJUDA FINANCEIRA EXTERNA

A Irlanda começou a inflectir o seu discurso de recusa da ajuda proposta pela União Europeia, com o FMI associado, e já vem a público admitir essa possibilidade, que diz destinar-se a ajudar os seus bancos.

O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, admitiu essa possibilidade ontem já a uma hora tardia na televisão, o que parece ser um primeiro passo para a classe dirigente pôr de parte o orgulho e aceitar aquilo que nos últimos dias tem sido dado como iminente e inevitável, apesar de o Governo da Irlanda que tem o seu financiamento garantido até Junho do próximo ano.

“Temos de discutir com os parceiros qual a melhor maneira de suportar a estabilidade financeira e bancária na zona do euro”, disse Cowen, citado pela agência Bloomberg.

Segundo a mesma fonte, o primeiro-ministro pôs na agenda da reunião do Ecofin (que reúne os ministros das Finanças da zona euro) agendada para começar a meio da tarde de hoje a questão da ajuda aos bancos irlandeses.

Ontem à tarde já começava a ventilar-se a ideia de que a Irlanda pretenderia assumir a ajuda como sendo dirigida à banca, que não pode recorrer ao fundo europeu criado em Maio para fazer face à crise da dívida pública europeia, então com epicentro na Grécia, e que já ameaçava cindir a zona euro.

Sendo verdade que o problema irlandês se centra na banca, que estariam mais que falidos se não fosse o Estado ter entrado com quantias maciças de dinheiro dos contribuintes, também é verdade que houve uma bolha imobiliária no país e que muitos outros países tiveram de se endividar para socorrer bancos (o que em Portugal aconteceu em menor escala e por razões diferentes).

A iminência da necessidade de uma intervenção externa de ajuda financeira à Irlanda tem sido intensamente referida desde a semana passada, na sequência das subida das taxas de juro da dívida pública no mercado secundário, que tem sido maior para este país, cujos juros chegaram a superar os nove por cento a dez anos na quinta-feira.

Os juros de Portugal e, nalguma medida da Espanha e da Itália, também têm sido arrastados neste movimento, o que levou a pôr a questão de uma intervenção externa no país. E ontem soube-se que ao nível europeu há também a ideia de que, em caso de intervenção na Irlanda, Portugal deve ser associado, para poupar maior contágio a Espanha – que, pela sua dimensão, a zona euro poderia não ter condições para salvar.

No entanto, até agora os responsáveis irlandeses tinham sempre recusado a ideia de que poderiam ter de recorrer a ajuda externa, resistindo inclusive a pressões públicas de vários responsáveis europeus. Na sexta-feira chegou a ser noticiado que o país já estaria a negociar a ajuda do fundo europeu de estabilização do euro (EFSF) e do FMI, o que foi desmentido pelo Governo irlandês. E ontem de manhã o Financial Times dava conta do aumento da preocupação por os irlandeses continuaram a recusar a ajuda que a UE pretendia activar.

FONTE: http://economia.publico.pt/Noticia/irlanda-considera-ajuda-financeira-externa_1466436

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