PLANO GARANTE ASSISTÊNCIA OFTALMOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

PLANO GARANTE ASSISTÊNCIA OFTALMOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

O lavrador Francisco do Carmo Almeida, de 66 anos, há quatro anos sente dificuldades de enxergar de perto. Sem procurar assistência médica, começou a estudar acalentando o sonho de aprender a ler e a escrever o próprio nome. Para garantir que ele e outros milhares de jovens e adultos maranhenses não deixem de ser alfabetizados por conta de problemas na visão, o Governo do Estado vem colocando em prática o Plano Emergencial “Olhar Brasil”, que presta assistência oftalmológica, com a oferta de consulta e o fornecimento de óculos.

O Plano é uma iniciativa do governo federal, por meio dos Ministérios da Saúde e da Educação, e nos estados é desenvolvido pelas secretarias estaduais de Saúde (SES) e da Educação (Seduc). No Maranhão, a meta é atender 125 mil alunos em 150 municípios, cadastrados no Brasil Alfabetizado, programa de alfabetização que atinge jovens e adultos na faixa etária de 15 a 60 anos ou mais. Desde que foi lançado, em novembro de 2010, o Plano já atingiu 35% da meta estabelecida em 47 municípios. 

Semana passada, técnicos da SES e da Seduc estiveram nos municípios de Paço do Lumiar, Lagoa do Mato e Matões. Em São Luís, os trabalhos foram iniciados no último dia 21 e se estenderão até o dia 4 de março. Em cada município que o “Olhar Brasil” passa, é firmada parceria com a Prefeitura, que fica responsável pela estrutura, mobilização dos alfabetizandos do PBA, além da disponibilização do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a coordenadora do Plano “Olhar Brasil” pela Secretaria de Estado da Saúde, Márcia Lima de Sousa, na capital estão sendo aguardados quatro mil alunos. O atendimento está acontecendo da Unidade Básica de Ensino Luís Viana, na Alemanha, no período da manhã e da tarde.

“A SES assegura as consultas oftalmológicas e o fornecimento dos óculos. Já a Seduc, por meio de convênio com a fundação Brasil Esperança, cuida de toda a logística com o deslocamento de pessoal, material, hospedagem e alimentação”, explicou Márcia Sousa, que também coordena o Programa Saúde na Escola da SES.

O lavrador Francisco Almeida não esconde a alegria de estar cada vez mais perto de corrigir os seus problemas de visão e receber o diploma da alfabetização. “Já passei por algumas escolas, mas nunca tinha aprendido a ler e a escrever realmente. Fiquei muito chateado porque quando pensei em estudar pra valer, percebi que não dava pra continuar aprendendo com o meu problema na vista. Mas, agora estou feliz”, contou ele, que mora no Bairro de Fátima, mas também mantém uma roça no município de Pinheiro.

Assim como nos outros municípios visitados pelo “Olhar Brasil”, o atendimento na UEB Luís Viana vem seguindo um padrão. Primeiro, os alunos são identificados, preenchem um formulário e se cadastram no SUS, tendo o direito de receber o cartão do usuário. Com o pintor aposentado Ângelo Cardoso, 67, não foi diferente. Depois de cadastrado, ele foi encaminhado à sala de exames e diagnóstico. Seu Ângelo já usa óculos há mais de dez anos e precisava fazer uma nova avaliação.

A oftalmologista Tânia Aguiar, uma das médicas do “Olhar Brasil” no estado, disse que a falta de acompanhamento também pode acarretar dificuldades no aprendizado do aluno que já usa óculos, caso as lentes não estejam mais adequadas às necessidades do paciente. “Além disso, como estamos falando de uma clientela cuja maioria tem mais de 40 anos, fazemos outros exames para constatar outras doenças como retinopatia diabética e hipertensiva, glaucoma e catarata”, destacou ela.

A especialista explicou ainda que muito dos diagnósticos relacionam-se à ocorrência da presbiopia ou “vista cansada”, uma anomalia da visão que se caracteriza pela dificuldade de acomodação do cristalino. “Com o passar dos anos, em geral depois dos 40, o cristalino vai ficando cada vez mais rígido, fazendo com que a pessoa tenha dificuldade de enxergar bem, sobretudo de perto. Os óculos então são receitados para corrigir essa deficiência”, enfatizou Tânia Aguiar.

Todo o processo, como Márcia Sousa enfatizou, é acompanhado pelos técnicos da SES (Programa Saúde na Escola) e da Seduc (Programa Brasil Alfabetizado). “Esse é um programa de grande importância para o nosso país e estado. Muito dos alunos que estão sendo alfabetizados sentem muita dificuldade porque têm problemas de visão que não são tratados. O ganho para a sociedade é muito grande”, disse Márcia Sousa, acrescentado que os alunos atendidos pelo “Olhar Brasil” recebem um lanche.

A etapa final do atendimento é a escolha dos óculos, para aqueles que receberam indicação médica. A doméstica Regiane Carvalho, 26 anos, contou com a ajuda da funcionária para definir o modelo compatível ao seu rosto. “É preciso que as pessoas entendam que essa escolha não é aleatória, obedecemos a critérios técnicos. Uma armação e lentes erradas podem aumentar o problema da visão”, acrescentou Luís Cláudio Cordeiro, proprietário da ótica que ganhou a licitação da Secretaria de Estado da Saúde para atender o programa.

Depois de tirar todas as medidas, Regiane Carvalho foi informada de que receberá os óculos em aproximadamente 40 dias. “Há muito tempo sinto dores de cabeça, tonturas, mas não procurei médico porque sabia que não teria dinheiro para comprar os óculos. Com essa iniciativa do governo, agora vou receber de graça. Estou muito feliz porque quero aprender a ler e a escrever e depois continuar estudando”, contou.

 

FONTE: http://www.ma.gov.br/agencia/noticia.php?Id=14631

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