PERFIS DOS VENCEDORES DO PRÊMIO CHICO MENDES 2010

PERFIS DOS VENCEDORES DO PRÊMIO CHICO MENDES 2010

Critérios como efetividade, impacto social e ambiental, potencial de difusão, originalidade, adesão e participação social foram a base para a escolha dos vencedores do Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente 2010.  Todos receberão diploma e, à parte da categoria Municípios, os demais vencedores dividirão R$ 140 mil na entrega do prêmio, em 23 de novembro, no Centro Comunitário da UnB.  Organizado pelo Departamento de Articulação de Políticas para a Amazônia e Controle do Desmatamento, do Ministério do Meio Ambiente, o prêmio este ano teve 105 projetos inscritos.

Criado em 2002 para valorizar trabalhos realizados e desenvolvidos em prol da conservação do meio ambiente da Amazônia Legal, o Prêmio Chico Mendes é o reconhecimento da contribuição de seus realizadores ao processo de melhoria da qualidade ambiental.

Conheça aqui o perfil dos vencedores

Liderança Individual

1º Lugar – Sérgio Roberto Lopes nasceu no interior do Paraná, cresceu em Curitiba e, aos 22 anos, mudou-se para Rondônia, onde atuava como professor na cidade de Cacoal.  Em 1984, inscreveu-se como candidato à reforma agrária e, junto a outros produtores, recebeu um lote no Projeto Fundiário Alto Madeira, na região hoje conhecida como Ponta do Abunã, em Porto Velho.  O cultivo em sistema de consórcio de espécies avançou e sua área tornou-se referência para os produtores da região e laboratório para o desenvolvimento e a concretização dos sistemas agroflorestais como alternativa produtiva.  Surgiu o Projeto RECA, Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado, que já conta 21 anos e é conduzido pelos próprios produtores, numa gestão participativa, transparente e dinâmica.

Menção Honrosa – Eric Royer Stoner é, há 20 anos, gerente no Brasil do Programa de Meio Ambiente da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional  USAID, trabalho no qual identifica e catalisa iniciativas de pesquisa, analisa políticas, fomenta a capacitação e a educação, especialmente na região amazônica.  Foi pioneiro no financiamento de pesquisas sobre extração madeireira de baixo impacto, que gera poucos danos à floresta e permite extrações futuras.  Demonstrou sua viabilidade econômica, influenciou empresas madeireiras e capacitou centenas de técnicos sobre o manejo florestal.

Organização da Sociedade Civil

1º Lugar – A Fundação Viver Produzir e Preservar  FVPP foi fundada no Pará em 1991 por iniciativa de organizações camponesas, movimentos pastorais e populares urbanos e de educadores da Transamazônica e Xingu.  A Fundação, que engloba mais de 110 organizações filiadas em 16 municípios do sudoeste paraense, participa ativamente dos esforços por uma BR-163 sustentável, coordena, com atividades até 2013, projeto de aperfeiçoamento de estratégias produtivas, além de consolidar ações de educação e infraestrutura a partir das proposições da sociedade.  Seu Projeto de Consolidação da Produção Familiar e Contenção dos Desmantamentos na Transamazônica e Xingu se transformou num dos principais instrumentos de articulação para o planejamento ordenado do território do oeste paraense, Polo Transamazônica e Baixo Xingu.

Menção Honrosa – A Comissão Pró Índio do Acre foi criada em 1979 com o objetivo de apoiar os povos indígenas na conquista e exercício de direitos coletivos – territoriais, linguísticos, socioculturais.  Desde 1983, criam e organizam livros didáticos de autoria indígena, que são a marca registrada do projeto de educação.  Os livros são escritos nas diversas línguas indígenas e/ou em português, elaborados nas aldeias por meio de curso de formação ou em oficinas.  A CPI/AC também promove a formação de agentes agroflorestais indígenas capacitados para a gestão territorial e ambiental das terras indígenas, com ações de manejo de recursos naturais e proteção da biodiversidade, com a conclusão da primeira turma do Brasil de agentes agroflorestais indígenas, reconhecido oficialmente.

Negócios Sustentáveis

1º Lugar – A Fundação Vitória Amazônica – FVA, criada em 1990, tem seu foco na melhoria da qualidade de vida dos habitantes da região amazônica, com ações de conservação e uso sustentável da biodiversidade e respeito às culturas e diversidade étnica regional.  Atua principalmente na bacia do Rio Negro, a maior bacia hidrográfica de rios de água preta do mundo, um ecossistema riquíssimo e relativamente pouco perturbado pela ação humana em relação às outras regiões da Bacia Amazônica.  A FVA desenvolve diversos projetos de pesquisa científica, organização social, educação e alternativas econômicas sustentáveis.  A iniciativa Mercado Rio Negro do Programa de Alternativas Econômicas da FVA foi criado em 2006 com o objetivo de incentivar a geração de renda para as populações da bacia do Rio Negro, por meio de técnicas apropriadas para produção, manejo e comercialização para acesso ao mercado e aos negócios sustentáveis.

Menção Honrosa – Há 62 anos, 43 famílias de imigrantes japoneses chegaram ao Pará e fundaram a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu.  O modelo inicial com monocultura passou, na década de 70, ao sistema agroflorestal de Tomé-Açu (SAFTA), que combina agricultura diversificada e atividade florestal sustentável.  O sistema tem recebido destaque internacional como uma medida eficaz, não somente para o desenvolvimento rural e a redução da pobreza em nível local, como também para desafios globais como as mudanças climáticas, as ameaças à biodiversidade e a desertificação.

Educação Ambiental

1º Lugar – Com 75 organizações indígenas nos nove estados da Amazônia Legal, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira  COIAB, criada em 1989 a partir de uma reunião de líderes indígenas, busca a articulação entre os povos indígenas e o apoio à demarcação e retificação de reservas indígenas.  Em 2006, a COIAB criou o Centro Amazônico da Formação Indígena – CAFI, instituição pensada, criada e implementada por lideranças indígenas que já formou 85 alunos, jovens lideranças de vários povos e organizações indígenas.  Uma referência para outras regiões do país, o CAFI atua a partir de demandas dos povos indígenas, treinando-os para a gestão e a vigilância dos seus territórios.

Saúde e Meio Ambiente

1º Lugar – Compreender e intervir nos problemas de saúde que afetam as comunidades indígenas da Amazônia é o desafio da Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina  SPDM em conjunto com a Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP.  O Projeto de Saúde do Parque Indígena do Xingu acontece desde 1965, com trabalhos assistenciais, formação profissional, promoção de saúde e pesquisas, englobando o Ambulatório do Índio e o Hospital São Paulo, referência nacional em saúde das populações indígenas.  No Xingu, equipes multiprofissionais da SPDM implementam programas de saúde à criança e imunização; saúde da mulher com ênfase ao pré-natal e controle do câncer uterino; programa de tuberculose, DST e doenças endêmicas voltadas para adultos e idosos.  Além da capacitação dos profissionais das equipes locais, a SPDM também propiciou conhecimento a aproximadamente 100 agentes indígenas de saúde, 16 auxiliares de enfermagem indígenas e um curso para gestores em saúde indígena, processo que consolidou o protagonismo dos indígenas na construção do sistema local de saúde e na tomada de decisões em busca da qualidade de vida.

Municípios

1º Lugar – Desde 2008, quando foi apontando como um dos municípios que mais desmatam na floresta amazônica, o maior município em área do mundo – Paragominas, no Pará – tomou providências para mudar esse cenário.  O Projeto Município Verde teve a assinatura de 51 entidades civis do município, com o Pacto pelo Desmatamento Zero e pelo Cadastramento Ambiental Rural em todas as propriedades.  Posteriormente, a prefeitura, a secretaria de estado de Meio Ambiente, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Ministério de Meio Ambiente (MMA) assinaram o Termo de Cooperação Técnica para a elaboração do Plano Municipal de Combate ao Desmatamento.  O objetivo era fazer de Paragominas o primeiro Município Verde, com maior área certificada com espécies nativas da Amazônia.  Por meio das parcerias, o município teve 80% das propriedades rurais cadastradas, aumentando significativamente o processo de regularização ambiental das propriedades e reduzindo o desmatamento, o que permitiu que o município saísse da lista do municípios mais desmatadores.  Outra parceira é com o Poder Judiciário, pelo qual tem-se convertido multas ambientais em recuperação de áreas degradadas.

FONTE: http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=370717

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