OPOSITOR CUBANO DIZ QUE GOVERNO O IMPEDE DE RECEBER PRÊMIO DA UE
OPOSITOR CUBANO DIZ QUE GOVERNO O IMPEDE DE RECEBER PRÊMIO DA UE
Reuters
Por Esteban Israel
HAVANA (Reuters) – O dissidente cubano Guillermo Fariñas afirmou na terça-feira que não irá à França receber um prêmio de direitos humanos do Parlamento Europeu porque as autoridades de Cuba não autorizaram a viagem.
Fariñas, cuja longa greve de fome contribuiu para que o governo liberasse presos políticos neste ano, disse à Reuters que não recebeu o visto de saída que seria necessário para deixar Cuba e ir ao evento desta quarta-feira em Estrasburgo, na França.
‘Ninguém se comunicou comigo. Agora, é impossível’, disse ele por telefone da sua casa, em Santa Clara, 270 quilômetros a leste de Havana.
O Parlamento Europeu informou que irá transmitir uma mensagem de Fariñas, e que uma cadeira vazia simbolizará sua ausência.
‘Vou continuar minha batalha pela democracia em Cuba, quer me deixem sair ou não’, afirmou o dissidente.
O regime comunista cubano, que acusa os dissidentes de serem mercenários a soldo dos EUA, não se pronunciou.
Fariñas, um psicólogo de 48 anos, passou 135 dias em greve de fome este ano para exigir a libertação de presos políticos. Ele abandonou o protesto em julho, quando o governo selou com a Igreja Católica um acordo comprometendo-se a libertar 52 dissidentes presos desde 2003.
Até agora, 41 deles foram soltos, e quase todos se exilaram na Espanha. O cardeal arcebispo de Havana, Jaime Ortega, disse que o regime prometeu libertar os demais em breve.
Fariñas foi escolhido em outubro para receber o Prêmio Sakharov, cujo nome homenageia o dissidente soviético Andrei Sakharov. Concedido desde 1988, o prêmio inclui uma quantia de 50 mil euros (cerca de 67 mil dólares).
Em duas ocasiões, o prêmio foi dado a cubanos – ao dissidente Oswaldo Payá, em 2002, e à entidade Damas de Branco (que reúne mulheres e mães de presos políticos), em 2005.
Payá foi autorizado pelo governo a viajar para aceitar o prêmio, o que não aconteceu com as Damas de Branco.
A cadeia vazia, que deve simbolizar a ausência de Fariñas em Estrasburgo, já protagonizou a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2010, na sexta-feira passada em Oslo, pois o ganhador Liu Xiaobo está preso na China.