ONU AVISA PARA "RISCO REAL" DE GUERRA NA COSTA DO MARFIM
ONU AVISA PARA “RISCO REAL” DE GUERRA NA COSTA DO MARFIM
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, avisou que um regresso à guerra civil na Costa do Marfim é um “risco real” após as presidenciais em que o derrotado, o Presidente Laurent Gbagbo, reclama vitória e recusa abdicar do poder.
Uma figura da oposição, Guillaume Soro, acusou entretanto as forças de segurança leais a Gbagbo de espalharem o terror com a ajuda de mercenários da Libéria, segundo o diário britânico “The Guardian”. “Contámos quase 200 mortos e mil feridos por balas, 40 desaparecidos e 732 presos”, disse Soro. “Pior, houve mulheres espancadas, despidas, atacadas e violadas”, continuou. “Quando é que a comunidade internacional se vai aperceber de que começou uma loucura assassina na Costa do Marfim?”
Num discurso feito ontem à noite na sede da ONU, em Nova Iorque, Ban Ki-moon expressou preocupação com os 10 mil capacetes azuis no país, segundo a emissora britânica BBC.
O responsável acusou ainda o presidente Laurent Gbagbo, que estava no poder e reclama a vitória nas eleições de tentar ilegalmente expulsar as forças das Nações Unidas no país (Unoci). A comunidade internacional afirma que a votação foi ganha pelo seu opositor, Alassane Ouattara, que está actualmente num hotel em Abidjan protegido por 800 capacetes azuis.
Estes, avisou Ban, estão a ser bloqueados por forças leais a Gbagbo. Segundo o jornalista da BBC John James, que está na capital da Costa do Marfim, as estradas que levam ao hotel foram cortadas impedindo a chegada de mantimentos para os militares da ONU.
“Estou preocupado com esta perturbação na chegada de provisões para a missão e que esta ponha as nossas forças de manutenção de paz numa situação grave nos próximos dias”, acrescentou, pedindo mais apoio para a Unoci. “A comunidade internacional não pode ficar parada face a este desafio directo e inaceitável”, concluiu.
Laurent Gbagbo ofereceu-se entretanto para que o resultado eleitoral fosse analisado por um “comité de avaliação” internacional que teria como missão “analisar os factos e o processo eleitoral objectivamente para resolver esta crise de modo pacífico”. Mas muitos analistas consideram este gesto apenas uma manobra para ganhar tempo, para estender o espaço de cinco anos em que conseguiu adiar eleições e manter-se no poder.
FONTE: http://www.publico.pt/Mundo/onu-avisa-para-risco-real-de-guerra-na-costa-do-marfim_1472099