ONG denuncia uso de munição contra manifestantes no Egito
ONG denuncia uso de munição contra manifestantes no Egito
A organização Human Rights Watch, que defende o cumprimento dos direiros humanos, denunciou nesta quarta-feira o uso de armas de fogo por parte das forças de segurança egípcias contra os manifestantes que ocupam a praça Tahrir em protesto contra a junta militar que governa o país.
“A polícia antidistúrbios e os oficiais militares dispararam fogo real e balas de borracha contra a multidão e propagaram espancamentos entre os manifestantes”, informou o grupo de direitos humanos em comunicado.
O documento recorre a testemunhos de manifestantes, médicos e funcionários da ONG no local e conclui afirmando que o uso da força é “excessivo” por parte das autoridades.
Segundo números do Ministério da Saúde, pelo menos 33 pessoas morreram nos confrontos dos últimos dias no país, e há milhares de feridos em diversas cidades.
A organização afirma que a autópsia de 22 dos cadáveres do necrotério de Zeinhom, no Cairo, confirmam a porte por disparos de armas de fogo, enquanto outras três pessoas morreram por asfixia ao respirar o gás lacrimogêneo que as forças de segurança usam para dispersar os manifestantes.
O comunicado cita o depoimento de um médico do hospital de Kasr al Aini, o mais próximo da praça Tahrir e para onde são encaminhados a maioria dos feridos. Segundo o médico, pelo menos seis pessoas morreram por ferimentos causados por balas.
O médico afirma que em três casos, os ferimentos indicavam que a bala entrou pela cabeça e foi disparada por cima, enquanto os outros três mortos receberam disparos no peito e no abdome.
“A autoridade judicial civil deveria realizar uma investigação transparente sobre o uso de força letal e sobre a participação do Exército nesses abusos”, exigiu a ONG.
O ministro do Interior insistiu que as forças de segurança não dispararam com armas de fogo contra os manifestantes, ainda que o ministro da Saúde, Amro Helmy, tenha reconhecido nesta quarta-feira que muitas das vítimas morreram por ferimentos de balas de fogo e informado abertura de investigações.
“É irrelevante se a munição pariu da polícia antidistúrbios ou da polícia militar, o que é relevante é quem deu as ordens para disparar contra os manifestantes”, disse a diretora para da ONG para o Orinte Médio, Sarah Leah Whitson.