NOVA NAÇÃO NASCE AMANHÃ EM ÁFRICA
MILHÕES de sudaneses do sul vão testemunhar amanhã ao nascimento da 193ª nação do mundo, que será o 55º Estado do Continente Africano.
Uma cerimónia para içar a bandeira da República do Sul do Sudão, incluindo a assinatura da Constituição transitória pelo primeiro presidente do país, Salva Kiir, assim como paradas militares e danças tradicionais integram as celebrações da independência.
Em Juba, capital do novo país, são esperados 30 dirigentes africanos, entre os quais o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, que discursará perante os seus pares e os milhões de sudaneses que se esperam assistam ao histórico acto. O MNE britânico, William Hague, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também devem assistir às cerimónias.
Nas cerimónias também estarão o ministro da Habitação e do Desenvolvimento Urbano e Rural chinês, Jiang Weixin, enviado especial do presidente Hu Jintao. O Sudão tem sido um dos principais fornecedores africanos de petróleo para a China e cerca de 80 porcento das reservas localizam-se no Sul.
O referendo estava previsto no acordo de paz de 2005, que pôs fim a mais de duas décadas de guerra civil entre o Norte e o Sul, com um balanço superior a dois milhões de mortos, e cuja vigência termina a 9 de Julho.
O presidente do Conselho de Segurança da ONU disse na terça-feira que no dia 13 se deverá realizar uma reunião para recomendar que o Sul do Sudão seja admitido como o 193º membro da ONU, o que a Assembleia Geral da organização deve aprovar no dia seguinte. Peter Wittig, embaixador da Alemanha, adiantou que o Conselho realizará consultas intensivas sobre uma nova missão da ONU para o Sul do Sudão que incluirá uma força de paz, Polícia internacional e civis para ajudar o novo país a construir um governo democrático. Esta semana, o MNE egípcio, Mohammed Mursi, indicou que o Cairo nomeará o seu novo embaixador para Juba no mesmo dia em que o Sul do Sudão declarar a sua independência.
NOVO SURTO DE VIOLÊNCIA
Na quarta-feira, os EUA apelaram ao fim dos combates na região de Kordofan do Sul, na fronteira do Sudão e do Sudão do Sul, declarando-se muito preocupados com a actual situação das hostilidades. “Esta é uma necessidade urgente”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victória Nuland.
Mais de 2300 pessoas morreram desde o começo do ano no sul do Sudão devido a confrontos tribais e à violência de rebeldes, segundo revelou ontem fonte da ONU.
Mais de 500 pessoas morreram só na última quinzena de Junho, segundo cifras da ONU, o que indica um agravamento da situação. No relatório anterior, em meados do mês passado, eram contabilizados 1800 mortos desde o começo de 2011.
A maior parte das novas mortes esteve relacionada com disputas por gado na região de Pibor, segundo agências humanitárias da ONU no sul do Sudão.