Nova marcha indígena agora pede construção de estrada na Bolívia
Nova marcha indígena agora pede construção de estrada na Bolívia
Quando parecia que tudo estava resolvido, a polêmica estrada boliviana que cortaria uma reserva ambiental volta a sucitar manifestações – desta vez, em sua defesa. Indígenas iniciaram nesta terça (20) um marcha para exigir a construção da via através do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis). Eles alegam que o projeto é importante porque levará serviços de saúde e educação a comunidades assentadas no local.
A caminhada dos originários para La Paz começou na madrugada desta terça-feira, por determinação de uma assembleia de cerca de 500 homens e mulheres reunidos em Isinuta, a mais de 200 quilômetros da cidade de Cochabamba.
O cacique maior do Conselho Indígena do Sul (Conisur), Gumercindo Pradel, explicou que a determinação foi tomada pelos indígenas de 20 comunidades, quem debateram três objetivos específicos a serem pleiteados na chegada à sede de governo. Os novos marchistas resolveram exigir a anulação da Lei Curta 180 – que declarou que o Parque Nacional Isiboro Sécure é intocável – porque atentaria contra os anseios dos povos do Conisur.
Pradel afirmou que ficou determinado que os indígenas cobrariam a continuidade do projeto original da entrada entre Villa Tunari (Cochabamba) e San Ignacio de Moxos (Beni), cujo trecho 2 passa pelas comunidades do parque natural. O cacique afirmou que seus habitantes querem a rota porque precisam do acesso a serviços de saúde e educação, que, segundo ele, só serão possíveis com uma via de conexão terrestre que passe por suas regiões.
Os participantes da assembleia decidiram desconhecer os dirigentes que pressionaram e fizeram aprovar a Lei de intangibilidade para o Tipnis.
Diretores da Confederação de Povos Indígenas da Bolívia (Cidob) pressionaram o governo, que, em outubro, promulgou a Lei Curta 180 de proteção ao Tipnis, que declarou essa zona amazônica intangível de preservação ecológica, e proibiu que seja atravessada por estrada alguma.
Assim foi concluído naquela ocasião o protesto indígena, encabeçado pela Cidob, que percorreu a pé mais de 600 quilômetros durante 65 dias até La Paz, contra o projeto que atravessaria a reserva natural.
Os integrantes daquela marcha afirmavam que a via interestadual afetaria a biodiversidade e o meio ambiente. Por sua vez, o Executivo defendia o projeto, que viabilizaria integração e o acesso a serviços, entre outros, de saúde e educação.
Para a administração de Evo Morales, por trás da marcha moviam-se interesses políticos, vínculos com organizações não governamentais e com a Embaixada dos Estados Unidos em La Paz.
Com Prensa Latina