Na abertura da cúpula, sociedade critica texto da Rio+20
Na abertura da cúpula, sociedade critica texto da Rio+20
ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
As duas primeiras falas na abertura oficial da Cúpula da Rio+20 mostraram o descontentamento de parte da sociedade civil com o texto final da conferência, fechado sob a liderança do Brasil.
“É uma vergonha que tenha sido preparado um texto tão tímido aqui no Rio. Não há compromisso com nossos direitos reprodutivos, como acordado em Pequim (1995) e no Cairo (1985), não foi designado um alto comissário para nossas meninas, não há nada sobre a destruição causada pela energia nuclear e pela mineração e não há nenhuma ação para proteger nossa saúde e os direitos das populações afetadas”, disse a egípcia Hala Yousry, representante do “Major Group” (grupo que representa a sociedade civil) sobre as mulheres.
A principal crítica das mulheres é a retirada da expressão “direitos reprodutivos”, que designa a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos, do documento. O texto atual fala apenas em “saúde reprodutiva”, que contempla apenas o direito de acesso a métodos de planejamento familiar.
“O documento final do Rio não nos dá os meios urgentemente necessários para enfrentar os enormes desafios do nosso tempo”, disse Yousry.
A jovem Karuna Rana, 24, das Ilhas Maurício, representante do grupo de crianças e jovens, também não poupou críticas. “Este não é o futuro que nós queremos. As crianças e os jovens estão fortemente frustrados com o documento”, disse Rana, referindo-se ao nome do texto, “O Futuro que queremos”.
“Vinte anos de negociação sobre o nosso futuro culminaram em 50 folhas de papel e a impressão que temos é que (nós jovens) estamos à beira de sermos excluídos.”