MULHERES E NEGROS AINDA SÃO DEIXADOS DE LADO EM ALTOS CARGOS DE EMPRESAS BRASILEIRAS
MULHERES E NEGROS AINDA SÃO DEIXADOS DE LADO EM ALTOS CARGOS DE EMPRESAS BRASILEIRAS
Mulheres e negros ainda são deixados de lado na hora de escolher funcionários para ocupar altos cargos executivos nas principais empresas brasileiras. Os dados são da quinta edição do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas 2010, divulgada nesta quinta-feira (11), pelo Instituto Ethos e Ibope. O objetivo é fornecer informações para que empresas e poder público possam combater a discriminação de negros e mulheres no mundo corporativo.
Segundo o levantamento, a proporção de mulheres e negros está abaixo do número de pessoas destes grupos que integram a população economicamente ativa (PEA). A pior situação é a da mulher negra. Entre 1.162 diretores, há somente seis negras ou pardas, o que representa apenas 0,5% de mulheres negras no quadro executivo. As mulheres são 119 entre os executivos.
O estudo foi realizado com mais de 620 mil empregados de 109 empresas com faturamento anual entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões. A pesquisa é voluntária e os questionários foram enviados às empresas de acordo a posição que ocupam no ranking do anuário “Melhores e Maiores 2009”, da revista Exame.
De acordo com o Instituto Ethos, a desigualdade racial persistente no universo corporativo resulta de uma questão cultural e da falta de ações afirmativas. A pesquisa mostrou que 62% das empresas não apresentam nenhuma medida de incentivo à presença de mulheres em cargos de direção. Apenas 4% planeja ter ações nesse sentido. Quanto ao estímulo à participação dos negros, 72% das empresas não tem nenhuma medida, enquanto apenas 3% têm metas específicas.
Apesar da persistência do preconceito, houve alguns avanços. Em relação aos negros, de acordo com os dados, a proporção no quadro de funcionários de grandes companhias brasileiras saltou de 25,1% para 31,1% de 2007 a 2010, enquanto a de brancos caiu de 73% para 67,3%.
A presença de negros na direção de organizações também cresceu, passando de 3,5% para 5,3%. Os negros ocupam 13,2% dos cargos de gerência e 25,6% dos de supervisão. O contingente de negros na população brasileira é de 51,1%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) de 2009, do IBGE. E atinge 46,5% da população economicamente ativa (PEA), calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A situação feminina, em geral, também melhorou um pouco, revela o relatório. A presença de mulheres em cargos executivos das empresas pesquisadas é de 13,7% – dois pontos percentuais a mais do que em 2007 (11,5%). Os índices de participação das mulheres em cargos de comando demonstram uma pequena evolução positiva. Em 2001, era de 6%. Em 2010, está em 13,7%. Mesmo assim, as mulheres estão aquém de uma real equidade com seus pares profissionais do sexo masculino.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) de 2009, do IBGE, Considerando-se que 43,6% da PEA é composta de mulheres. As mulheres têm um número médio de anos de estudo superior ao dos homens (7,4, ante 7, respectivamente) e são maioria entre os brasileiros que atingiram pelo menos 11 anos de estudo. Mesmo assim, ainda ganham menos que os homens que ocupam os mesmos cargos.
Somente 21% das corporações responderam o questionário enviado pelo Ibope e Ehos, o que equivale a 109 empresas. Os dados de 105 foram utilizados para mapear a presença de pessoas negras e de mulheres nos diferentes níveis das empresas. No total, 623.960 trabalhadores foram contabilizados no universo da pesquisa.
Fonte:
Instituto Ethos
Ibope