Mulheres discutem participação na política

Mulheres discutem participação na política

Candidatas a cargos políticos de várias regiões do Maranhão e representantes de partidos políticos, de órgãos governamentais e de movimentos sociais estiveram reunidas ontem, no Palácio Cristo Rei, para discutir a participação das mulheres na política. O II Encontro mulher e participação política: mudar a cidade, garantir a democracia é direito das mulheres teve o objetivo de refletir como as mulheres podem aumentar a sua capacidade de intervenção na política partidária, considerando o percentual de cotas estipulado pelo Governo. 

O encontro, coordenado pela professora do Departamento de Biblioteconomia da UFMA, Mary Ferreira, contou com a presença da secretária de Estado das Mulheres, Catarina Serrão, que esteve presente à mesa de abertura e que demonstrou a sua satisfação pela oportunidade de poder discutir um “tema tão importante quanto a questão de gênero, de forma suprapartidária”. Para Mary Ferreira, “o encontro reflete a luta do movimento feminista e a participação das mulheres na política. Este debate é uma forma de fortalecer a luta desta classe e de pensarmos novas formas de organização e de participação política”. 

Cotas e participação política 

No Brasil, segundo os dados divulgados pela professora, somente 12 por cento das mulheres estão na política, apesar do eleitorado feminino já ser de 53 por cento. Este processo de participação ainda é muito reduzido, mas a história da luta das mulheres pela conquista do poder não é um movimento recente. Mary lembrou que a Revolução Francesa foi um marco entre o espaço privado das mulheres e do seu silêncio e a sua participação no espaço público, seguido posteriormente da luta pelo voto até a conquista do Dia internacional da Mulher, que foi instituído em 1975. 

De lá para cá, o debate sobre a questão de gênero passou a fundamentar a discussão política. “Gênero é uma categoria de análise para pensar as relações desiguais. A ausência das mulheres nos espaços de decisão, por exemplo, reforça a ideia de que elas não são preparadas para o exercício do poder. A nossa intenção é ver como podemos mudar essa análise”. Ela explicou que as Leis das Cotas nº 9.100/95 e 9.504/97, que inicialmente orientaram 30 por cento das vagas para candidatas, se tornaram obrigatórias e garantem o direito à representação das mulheres no poder. 

Entre 2006 e 2010, quando o direito à representação política das mulheres se tornou tema da agenda pública, o número de deputadas em todo o Brasil foi de 45 mulheres contra 468 homens, totalizando 513 participantes no parlamento. Isso significou um crescimento entre esse período e o ano de 1995, quando o número de mulheres no poder foi de apenas 34. No Maranhão, a situação foi a mesma. Enquanto em 1998, a Assembleia Legislativa contava com 11 deputadas, em 2010, esse número caiu para oito representantes. 

Um outro dado relevante mostrado pela professora é que nos municípios de Amarante do Maranhão e Senador Henrique de La Roque o número de representantes femininas é maior do que o de homens. No primeiro, são cinco representantes, e no segundo, seis, o que configura a maioria nas câmaras. “Os partidos ainda não perceberam que a forma de a mulher participar na política é diferente. É preciso garantir a criação de creches, horários alternativos para as reuniões, assim como é necessário que o Estado crie mecanismos e estruturas para estimular o direito à participação. Isso deve acontecer o tempo todo e, não somente, no período eleitoral”, lembrou. 

http://www.ufma.br/noticias/noticias.php?cod=13069

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