MORADORES DO ITAQUI-BACANGA PROTESTAM CONTRA FALTA D’ÁGUA
AV. DOS PORTUGUESES BLOQUEADA
Eles bloquearam a Avenida dos Portugueses por seis horas, nos dois sentidos, causando congestionamentos em todo centro de São Luís
JULLY CAMILO
Moradores da área Itaqui-Bacanga interditaram ontem, durante seis horas – das 5h30 às 11h30 -, a Avenida dos Portugueses, em frente à Unidade Mista (Vila Embratel), em seus dois sentidos. A comunidade protestou contra a falta d’água, que há mais de seis meses atinge quase 70% da região – uma das mais populosas de São Luís. O bloqueio da via foi feito com galhos, caixotes de madeira, pneus e com os próprios moradores, que se postaram no meio da avenida. Devido ao protesto, engarrafamentos quilométricos se formaram, no decorrer de toda a manhã de ontem, em vários pontos do centro da capital, como o Porto do Itaqui, a Avenida dos Africanos, a Areinha e a Beira Mar. As polícias Rodoviária Federal (PRF) e Militar (PM), além do Grupo Tático Aéreo (GTA), estiveram no local.
De acordo com a inspetora da PRF, Valdirene Silveira, os populares tomaram conta da avenida desde as 5h30 e afirmaram que só liberariam a pista após a presença de algum representante da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).
Ela informou que a polícia tentou negociar a desobstrução da avenida não só por conta do acesso de ambulâncias na Unidade Mista do Bacanga, mas também pelo grande fluxo de veículos que trafega por ali. “São ambulâncias, carros de passeio, ônibus que integram o serviço público, além dos que levam e trazem funcionários das empresas instaladas no eixo Itaqui-Bacanga, todos parados”, afirmou.
Segundo a dona de casa Célia Maria Ferreira, de 45 anos, residente na Vila Embratel há 20 anos, o bairro nunca foi prioridade do poder público, com exceção na época de campanha política. “Nós vamos ficando esquecidos, marginalizados e sem oportunidades. Quando conseguimos um pouco de água no vizinho temos de escolher entre banhar, cozinhar ou lavar roupas e pratos”, declarou Célia.
Moradora do Anjo da Guarda, Fátima Guedes, 47, afirmou que há seis meses a Caema retirou a bomba do poço artesiano da Vila Embratel para consertar, mas o equipamento nunca foi devolvido. “Para pelo menos amenizar a situação, eles precisariam instalar 17 canos e devolver a bomba em pleno funcionamento. Não temos água nas torneiras, mas pontualmente recebemos contas de até R$ 100. Queremos apenas os nossos direitos que estão garantidos na Constituição Federal, e que estão sendo lesados pelo poder público que não faz nada diante de tamanho descaso”, ressaltou Fátima.
Em decorrência da manifestação e dos transtornos causados, a PRF propôs que uma comissão de 5 moradores fosse levada para a sede da Caema, onde haveria uma conversa dos moradores com o diretor presidente da empresa, o engenheiro João Reis Moreira Lima.
Segundo a líder comunitária Marcelina Soares, ficou acordado na reunião que em até 10 dias seria restabelecido o poço P-12 da Vila Embratel, além do comprometimento da Caema em demandar ações operacionais com o objetivo de melhorar o abastecimento de água da área.
“A comunidade relutou em aceitar a proposta e desobstruir a via, mas apesar da falta de credibilidade que a companhia tem perante a sociedade, vamos dar mais esse voto de confiança e suspender a manifestação. Entretanto, se no prazo definido os serviços não forem concluídos, voltaremos para as ruas”, disse Marcelina.
Outro lado – A Caema informou por meio de nota que, em reunião realizada na manhã de ontem (11), com as lideranças da área Itaqui-Bacanga, sobre o problema da falta d’água, o presidente da companhia, João Reis Moreira Lima informou que dentro de no máximo 10 (dez) dias colocará o poço P-12 da Vila Embratel em operação, a fim de amenizar a problemática da comunidade, que sofre com a escassez de água.
O referido poço apresentou problemas de entupimento na tubulação, o que danificou os conjuntos motor-bomba e a própria tubulação. A Caema já tomou as providências para desentupir e recuperar o poço (limpeza e desinfecção), faltando a instalação de 17 tubos de 6 metros de ferro galvanizado e instalação de novos conjuntos motor-bomba.
Segundo a Caema, também foram montadas novas redes de distribuição de água nessa comunidade, e assim que o poço entrar em operação vai melhorar em muito a situação dos seus moradores.