MILHARES REGRESSAM ÀS RUAS DE TUNES EXIGINDO DEMISSÃO IMEDIATA DO PRESIDENTE
MILHARES REGRESSAM ÀS RUAS DE TUNES EXIGINDO DEMISSÃO IMEDIATA DO PRESIDENTE
As ruas da capital tunisina e de outras cidades do país voltaram a encher-se de protestos, hoje, exigindo a demissão imediata do Presidente, Zine al-Abidine Ben Ali, num sinal claro de recusa da oferta por este feita na véspera de se afastar do poder com as eleições presidenciais de 2014.
Mais de cinco mil pessoas reuniram-se em frente ao edifício do Ministério do Interior, em Tunes, após terem marchado por uma das avenidas principais da capital, sem serem interpeladas pela polícia, gritando palavras de ordem contra o chefe de Estado como “Vai embora Ben Ali” e “Obrigado, mas já chega”.
Em Sidi Bouzid, no sudoeste do país, de onde eclodiu a vaga de protestos há cerca de um mês, umas 1.500 pessoas desfilaram ecoando os mesmos slogans ouvidos na capital, assim como em Kairouan, na região centro. Outras centenas fizeram-se ouvir em Regueb e Gafsa.
O Presidente tunisino, no poder desde 1987, prometera na véspera, num discurso transmitido pela televisão, que não se recandidataria nas eleições presidenciais de 2014, num gesto que visa aplacar o grave clima de contestação no país, onde a vaga de protestos violentos causou pelo menos 66 mortos – segundo organizações de defesa dos direitos humanos (as autoridades reconhecem um número oficial de 23 vítimas mortais).
Mas a oferta foi acolhida com muito cepticismo, tendo os sindicatos convocado para hoje uma greve geral, a que a população parece ter respondido positivamente. Depois dos festejos que ocorreram nas ruas ontem à noite, desafiando mesmo o recolher obrigatório declarado pelas autoridades na quarta-feira, hoje o tom é de recusa em aguardar até 2014.
Espelhando os receios de que a vaga de violência se reacenda, até com maior gravidade, a operadora turística britânica Thomas Cook anunciou que vai retirar da Tunísia os turistas que são seus clientes.
Entretanto, esta manhã, o ministro tunisino dos Negócios Estrangeiros, Kamel Morjane, garantiu que Ben Ali está receptivo também à realização de eleições legislativas no país antes do sufrágio presidencial de daqui a três anos. “Foi decidida a criação de uma comissão que vai propor a revisão do código eleitoral. O Presidente não podia ter sido mais claro”, afirmou numa entrevista à rádio francesa Europe 1.
“Ele disse claramente que não voltaria a haver eleições legislativas e presidenciais ao mesmo tempo e, ao fazê-lo aceitou o princípio de que se realizarão legislativas antes das presidenciais de 2014”, prosseguiu Morjane, instando uma vez mais o país a regressar à calma.