MILHARES DE PESSOAS NOS FUNERAIS DAS VÍTIMAS DO “MASSACRE” NO BAHREIN

MILHARES DE PESSOAS NOS FUNERAIS DAS VÍTIMAS DO “MASSACRE” NO BAHREIN

Milhares de xiitas acorreram hoje às cerimónias fúnebres das quatro pessoas mortas na véspera num ataque surpresa das forças de segurança do Bahrein aos manifestantes anti-regime que se mantinham acampados no centro da capital, Manamá. Gritando slogans contra o regime do rei Hamad bin Issa al-Khalifa (sunita) e empunhando bandeiras do país, muitos destes xiitas diziam estar “prontos a morrer pela mudança”.

Foi um “massacre”, acusou esta manhã o mais venerado líder religioso xiita do Bahrein, Sheikh Issa Qassem, perante milhares de fiéis numa mesquita de uma vila no noroeste da ilha. “O Governou fechou a porta ao diálogo”, afirmou ainda, depois da operação das forças de segurança na Praça Pérola, na véspera, descrita por testemunhas como de “extrema e indiscriminada violência” contra os manifestantes pró-democracia.

“Ele disse-me, antes de ir [para a Praça Pérola], para eu não me preocupar, que ele ia lutar pela liberdade”, lamentou o pai de uma das vítimas, o estudante Mahmoud Abu Taki, de 22 anos, que fora alvejado no peito pela polícia. “Este é um Governo falhado. Podem contar que os protestos vão continuar. O Governo aqui é feito como se isto fosse uma selva”, acusou ainda Mekki Abu Taki, gestor de uma empresa de imobiliário.

Após as duas mortes que já tinham sido registadas nos dois primeiros dias da semana – ambas de manifestantes alvejados a tiro pela polícia – quatro outras pessoas morreram devido aos ferimentos sofridos quando as forças de segurança irromperam violentamente pela Praça Pérola na madrugada de quinta-feira.

Mais de 230 outros manifestantes ficaram feridos e dezenas de pessoas foram então detidas pelas autoridades, que avisaram entretanto que seriam tomadas “todas as medidas necessárias para garantir a segurança, ordem e estabilidade” do reino – temendo uma reprodução no Bahrein da convulsão que culminou na deposição dos chefes de Estado na Tunísia e Egipto nestas últimas semanas.

Hoje a capital está sob vigilância apertadíssima, com tanques e carros blindados estacionados em vários pontos estratégicos da capital. E, mesmo depois de ter sido proibida qualquer espécie de reunião pública, os activistas pró-democracia planeiam prosseguir os seus protestos ao mesmo tempo que estão a ser organizados, também para hoje, manifestações de apoio ao regime de al-Khalifa, a dinastia que governa o país há várias décadas.

Nas cerimónias fúnebres em Sitra, nos arredores de Manamá, grita-se hoje “À justiça, à justiça com o gang de criminosos”. Os xiitas, que constituem 70 por cento da população no Bahrein, dizem-se discriminados pela classe governante sunita e exigem mais empregos e mais casas, a libertação dos prisioneiros políticos, a criação de um Parlamento mais representativo e com mais poderes, uma nova Constituição aprovada pelo povo e um novo Governo eleito por voto popular director e democrático.

Vários países ocidentais instaram as autoridades do Bahrein a agirem com contenção em relação a esta vaga de protestos e a introduzirem reformas “significativas” no pequeno Estado do golfo. Mesmo com uma população reduzida, de menos de um milhão de pessoas, o Bahrein acolhe a 6ª frota da marinha norte-americana e é vizinho de um outro – e muito maior – aliado dos Estados Unidos nesta região: a Arábia Saudita.

 

FONTE: http://www.publico.pt/Mundo/milhares-de-pessoas-nos-funerais-das-vitimas-do-massacre-no-bahrein_1480941

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