Medida contra valorização do real deve ter efeito limitado, diz FGV
Medida contra valorização do real deve ter efeito limitado, diz FGV
DA AGÊNCIA BRASIL
DE SÃO PAULO
A nova medida do governo federal para conter a valorização do real ante o dólar é positiva mas não deve surtir grande efeito, segundo Armando Castelar, pesquisador da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Segundo decreto publicado no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira (12), pagarão 6% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) empréstimos com prazo de até cinco anos. No dia primeiro de março, o governo havia elevado esse prazo de dois para três anos.
Com a medida, o dinheiro externo precisará ficar cinco anos no Brasil para evitar a taxação de 6% do IOF. No dia 1º, o governo já tinha elevado o prazo, de dois para três anos, depois de, em 2011, ter aumentado de um para dois anos.
“A medida, em si, de aumentar o prazo para incidência de IOF contribui, no sentido em que penaliza um pouco a entrada de capitais de prazo mais curto e em que torna a aplicação menos líquida, mas eu entendo que o efeito efetivo será pequeno. As empresas acabam entrando com esse dinheiro na forma de investimento direto ou fazendo operações que deem alguma triangulação”, disse.
Castelar também acredita que a medida surtirá pouco efeito porque “as condições de liquidez internacional ajudam a entrada de capitais [no Brasil] e colocam mais pressão no sentido de que o real se torne uma moeda mais forte”.
Segundo o pesquisador, a medida do governo reflete uma preocupação “correta” de evitar a supervalorização do real ante o dólar, já que isso prejudica as exportações brasileiras e, consequentemente, a indústria nacional.
Conforme antecipou a Folha no sábado (10), o governo estudava tomar mais uma medida nesta semana para tentar conter a entrada de dólares no Brasil e, assim, evitar a valorização excessiva do real, o que tem prejudicado a indústria.
A política de conta-gotas foi pré anunciada por Mantega. Na última quarta-feira (7), ele prometeu anúncios semanais para segurar o dólar e reanimar a economia.