Manifestantes tentam tomar palácio presidencial no Mali
Manifestantes tentam tomar palácio presidencial no Mali
DA EFE, EM BAMACO
Manifestantes da plataforma pró-golpista COPAM (Coordenação de Organizações Patrióticas do Mali), tentaram tomar o palácio presidencial de Bamaco nesta segunda-feira, em um protesto pelo prolongamento do mandato do presidente interino, Dioncounda Traoré.
Segundo uma fonte da COPAM, a guarda presidencial disparou contra os manifestantes, o que deixou cinco mortos e vários feridos. No entanto, a informação não foi confirmada por outras fontes.
A Cedeao (Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental) e a Junta Militar que tomou o poder em Mali no último dia 22 de março concordaram no sábado (19) que Traoré, designado em 12 de abril como presidente interino por um período de 40 dias, continue dirigindo a transição.
Os enfrentamentos seguiram uma grande concentração, na qual dezenas de milhares de malineses condenaram o que consideram uma “ingerência” da Cedeao nos assuntos internos do país.
Os participantes, convocados pela COPAM, que reúne 60 grupos políticos e civis simpatizantes da Junta Militar, demonstraram seu desacordo com o recente acordo alcançado entre a junta golpista e a Cedeao e reivindicaram uma solução nacional.
PACTO
O presidente da COPAM, Amadoun Amion Guindo, disse à agência Efe que sua organização não reconhece o pacto pelo qual Traoré seguirá à frente do Estado por um período ainda por determinar.
Reunidos no Palácio de Convenções de Bamaco, os participantes levavam cartazes contra a Cedeao, a França e Traoré, a quem acusam de serem cúmplices dos grupos armados que controlam o norte do país desde o final de março.
“Mali não é um bairro da Cedeao”, gritavam alguns participantes em referência às pressões exercidas por esta organização africana aos militares golpistas para que acelerem o restabelecimento da ordem constitucional.
Com sua presença, os manifestantes mostravam seu apoio à realização por parte da COPAM de uma reunião nacional para desenhar um Mapa do Caminho para a transição.
“O objetivo desta convenção é que o presidente da transição seja eleito pelos malineses e não pelos mercenários da Cedeao”, afirmou Adama Traoré, um militante da COPAM.
ORDEM CONSTITUCIONAL
No último dia 6 de abril, após uma intensa mediação da Cedeao, a Junta Militar se comprometeu com a reinstalação da ordem constitucional em troca da suspensão das sanções que tinham imposto os estados africanos, assim como de uma anistia aos militares.
Fruto deste compromisso, o presidente do Parlamento, Dioncounda Traoré, foi designado presidente interino por um período de 40 dias que terminava amanhã, e no qual deveria ter fixado a data para a realização de eleições.
Na semana passada, a Cedeao atacou mais uma vez os uniformizados e seus parceiros civis, aos quais acusou de entorpecer o processo de transição.
Após ameaçar com a imposição de novos castigos, a Cedeao embarcou em uma nova série de negociações com o presidente da Junta Militar, Amadou Haya Sanogo, para tentar dar um respaldo à transição política.
Após uma longa e intensa negociação, no último dia 18 o Parlamento aprovou uma Lei de Anistia a favor dos golpistas. Um dia depois foi estabelecido que Traoré continuaria como presidente transitório e ontem foi dado o sinal verde para que Sanogo adquira o status de ex-chefe de Estado.
No entanto, os grupos pró-golpistas insistem em continuar com a realização de sua convenção para escolher um novo presidente interino.