Manifestantes fazem novo 'esculacho' contra acusados de tortura
Manifestantes fazem novo ‘esculacho’ contra acusados de tortura
DANIEL RONCAGLIA
DE SÃO PAULO
Um grupo de manifestantes fez nesta segunda-feira (14) uma nova rodada de protestos chamado “esculacho” contra acusados de tortura na ditadura militar (1964-1985).
No Guarujá, cerca de 100 pessoas, de acordo com os organizadores, participaram do ato em frente à casa do tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima.
Em depoimento à Justiça Militar em 1970, a presidente Dilma Rousseff o apontou como torturador.
Em novembro do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo) decidiu que Lima não poderia ser mais condenado por entender que seus supostos crimes já prescreveram.
O tenente-coronel disse que não se incomodou com a manifestação. Para ele, trata-se de um grupo de comunistas. “Isso é garotada. São bagunceiros organizados”, disse Lima.
Ele afirmou ainda que nada fará contra os manifestantes. “Escreveram na rua, não ultrapassaram o portão do edifício e não tentaram entrar no meu apartamento. Como vivemos em uma democracia, então é plausível”, disse.
No Rio de Janeiro, cerca de 50 pessoas, segundo o movimento, fizeram o protesto em frente à casa do general da reserva José Antônio Nogueira Belham. Ele era chefe do DOI-CODI do Rio, quando o deputado Rubens Paiva desapareceu em 1971.
Em Belo Horizonte, cerca de 100 jovens fizeram um “esculacho” em frente à casa de João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Policia Civil durante a ditadura.
Também aconteceram protestos em Salvador, Aracaju, Recife, Belém, Natal, Fortaleza, João Pessoa, Santa Maria (RS) e Teófilo Otoni (MG).
Em março, o mesmo grupo fez protestos em frente às casas ou aos locais de trabalho de civis e militares em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém e Fortaleza.
Os organizadores afirmam não ter filiação partidária e se apresentaram como integrantes do Levante Popular da Juventude, grupo ligado ao movimento pela reforma agrária Via Campesina.
As ações foram organizadas em segredo e se inspiraram nos “escrachos”, protestos semelhantes realizados no Chile e na Argentina.