Índios de MS afirmam ter sofrido novo ataque

JEAN-PHILIP STRUCK

DE SÃO PAULO

Cerca de 60 índios guarani-caiovás que permanecem em uma fazenda invadida próximo a uma estrada em Iguatemi (470 km de Campo Grande) afirmam que foram atacados por homens armados na tarde desta segunda-feira (28). As informações são do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

Segundo o relato dos indígenas, dois homens em uma moto percorreram o acampamento, chamado de comunidade de Pyelito Kue, disparando tiros. A ação durou cerca de duas horas. Ninguém ficou ferido.

“Saíam do mato atirando de pouco a pouco, atirando de longe. Falavam que, se não saíssemos, hoje à noite, iam atacar”, disse o índio Onides Kaiowá Guarani.

No dia 23 de agosto, o mesmo acampamento foi alvo de homens armados, que dispararam balas de borracha contra os índios e queimaram suas barracas. À época, o Ministério Público Federal chamou o ataque de “genocídio” e acusou os fazendeiros de organizarem milícias para expulsar os índios.

O Cimi também relata que, no domingo (27), os índios receberam ameaças de fazendeiros da região enquanto uma comitiva formada por membros da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Presidência da República visitava o acampamento.

Segundo o Cimi, mesmo com membros da Força Nacional no local, fazendeiros tiraram fotografias das lideranças indígenas. Após protestos dos índios, agentes da Força solicitaram o equipamento dos fazendeiros e apagaram as fotos.

No dia 18 de novembro, outro grupo de índios guarani-caiovás que acampam em uma fazenda invadida entre Amambaí e Ponta Porã foi alvo de um ataque. Na ocasião, o líder indígena Nísio Gomes, 59, foi atingido por tiros de borracha disparados por homens encapuzados e levado na caçamba de uma caminhonete. A Polícia Federal trata o caso como desaparecimento.

Em protesto contra o ataque, os guarani-caiovás pretendem realizar na manhã de quarta-feira (30) uma marcha com 500 indígenas na rodovia MS-386, no trecho entre Amambaí e Ponta Porã.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1013839-indios-de-ms-afirmam-ter-sofrido-novo-ataque.shtml