HONDURAS: RESISTÊNCIA DIZ QUE ATAQUES TÊM RAÍZES MAIS PROFUNDAS
HONDURAS: RESISTÊNCIA DIZ QUE ATAQUES TÊM RAÍZES MAIS PROFUNDAS
Os ataques a camponeses na região de Aguán, localizada em Trujillo, Honduras, na última segunda-feira (15), ainda repercutem entre defensores de direitos humanos e hondurenhos e hondurenhas em resistência. Quarta-feira (17), foi a vez de Manuel Zelaya, presidente deposto em junho de 2009 por um golpe de Estado e coordenador geral da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), falar a respeito do episódio.
Em carta destinada ao “povo hondurenho”, Zelaya chamou atenção da sociedade nacional e internacional para “as raízes” dos problemas de Honduras. Para ele, a situação de miséria e morte que vive a população hondurenha é fruto do “sistema baseado no lucro e sustentado” pelas classes poderosas.
“Estados Unidos fez ontem [terça-feira, 16] um comunicado celebrando a massificação da presença militar na zona e inclusive teve o descaramento de insinuar que os caídos não eram camponeses. Estou seguro que o povo norte-americano não apoiará esta política pública de violação flagrante aos Direitos Humanos, pois nunca foi tão evidente a estratégia de repressão e extermínio político que se empreendeu em Honduras contra os cidadãos que defendem o direito inalienável de participar como lhes corresponde na vida nacional”, destacou.
Na carta, o coordenador da FNRP lamentou os fatos e se solidarizou com as famílias das vítimas. “Até quando teremos de suportar que se assassinem hondurenhos em nome da propriedade privada?”, questionou, chamando hondurenhos e hondurenhas a não se calarem diante desses acontecimentos.
“É imperativo que procedamos a manifestar com força, e por todos os meios, nosso rechaço ao sacrifício e martírio de nosso povo; isto só é possível com o acionar militante, determinado, valente de todos os membros das organizações sociais e políticas que integram a Frente Nacional de Resistência Popular”, considerou.
A coordenadora geral do Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (Cofadeh), Bertha Oliva, tem uma visão parecida com a de Zelaya em relação aos ataques contra os camponeses. Para ela, o principal responsável pelo massacre em Aguán é o regime de Porfirio Lobo, atual presidente do país.
“O problema aqui é a luta de classes, assim que tem de dizê-lo. Se não se entende assim, não se pode então compreender, nem vibrar, nem sentir a necessidade de mudanças emergentes em Honduras”, disse ontem em declarações a uma rádio.
Na opinião da coordenadora de Cofadeh, o empresário Miguel Facussé — acusado pelos camponeses de ser o responsável pelo ataques da segunda-feira — é apenas “a cara visível” das violações aos direitos humanos na região de El Aguán. Isso porque, para ela, violências como a dessa semana não aconteceriam se o governo de Porfirio Lobo não deixasse. “Como é que o regime permite esses atos que estão acontecendo?”, indagou.
Ataque em Aguán
Na segunda-feira passada (15), segundo informações de organizações sociais em Honduras, homens a serviço do empresário Miguel Facussé atacou um grupo de integrantes do Movimento Campesino de Aguán (MCA) que estava recuperando as cerca de 700 quadras destinadas a Reforma Agrária na região de Aguán, comunidade de Tumbador, em Trujillo. A ação resultou em cinco mortos, quatro feridos e dois desaparecidos, todos membros do MCA.
Fonte: Adital, com informações de Rede Morazânica de Informação
FONTE: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=141853&id_secao=7