GUARDA PRESIDENCIAL DO IÉMEN DE NOVO EM CONFRONTO COM MILITARES APOIANTES DA OPOSIÇÃO
Membros da guarda presidencial leal ao Presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, entraram de novo hoje em confronto com unidades do exército do país que se posicionaram em apoio da oposição numa manifestação contra o chefe de Estado na cidade costeira de Mukalla.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida nos tumultos da contestação ao regime, que, viu aqui pela segunda vez os soldados a desafiarem a guarda presidencial, liderada pelo filho do Presidente, Ahmed, depois do mesmo ter acontecido na terça-feira, também naquela mesma cidade da província de Hadramout, no leste do Iémen. Há dois dias morreram duas pessoas, uma de cada facção em confronto.
No início da semana, o general Ali Mohsen, comandante da zona noroeste, declarara o seu apoio aos manifestantes, que protestam há várias semanas, reclamando maiores liberdades democráticas e o afastamento de Saleh, o qual exerce o poder há mais de três décadas. Tal como Mohsen, outros militares de topo, diplomatas e chefes tribais renegaram nos últimos dias o regime iemenita.
A contestação ao Presidente, na qual se contabilizam mais de 50 mortos, não perdeu fôlego mesmo depois de Saleh ter vindo a aumentar o nível das concessões políticas à oposição – a mais recente oferecendo eleições presidenciais em Janeiro de 2012, em vez de no fim do seu mandato, em Setembro do ano seguinte. Antes o chefe de Estado já concedera não passar o poder para o filho.
Sem arredar pé, a oposição já avisou que mantém os planos de fazer uma manifestação maciça amanhã, com destino no Palácio Presidencial em Sanaa, na capital. “Toda esta conversa [de Saleh] visa apenas adiar o anúncio da morte do regime. A oposição nem tem que lhe responder”, garantiu esta manhã o porta-voz da aliança de organizações da sociedade civil que reclamam a formação de um conselho de transição para redigir uma nova Constituição num período de seis meses antes do sufrágio presidencial.
Ontem, o Parlamento iemenita aprovou o estado de emergência, declarado pelo Presidente a 18 de Março, pondo em dúvida se a marcha da oposição vai de facto conseguir realizar-se.