GRUPO DE CONTACTO PARA A LÍBIA QUER DISCUTIR FUNDO PARA AJUDAR A REBELIÃO CONTRA KHADAFI

 Por Dulce Furtado

Os ministros dos Negócios dos Estrangeiros dos países que integram o grupo de contacto para a Líbia estão a discutir a possibilidade de criar um fundo de assistência financeira aos rebeldes cativando os bens congelados a várias figuras do regime do contestado líder Muammar Khadafi, foi revelado hoje por um responsável da delegação italiana à reunião de Doha.

“A questão do financiamento é crucial. Temos que ir buscar o dinheiro dos bens congelados. Esta é uma ideia que não apenas favorecemos mas a qual vamos também pressionar para a sua discussão”, explicou esta fonte do Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros, precisando que a ideia é de criar “um programa de petróleo por alimentos similar ao do Iraque, a funcionar como um fundo que dirija algum do dinheiro dos bens congelados directamente para a rebelião”.

A reunião de hoje no Qatar do chamado grupo de contacto conta com a participação de representantes do Conselho Nacional Líbio, a “cara política” dos rebeldes criada em Bengasi, na Líbia Oriental, com a ambição de se assumir como um governo provisório no país num cenário pós-Khadafi.

A rebelião rejeitara na segunda-feira uma proposta de cessar-fogo avançada pela União Africana, argumentando que nenhum plano de paz pode avançar sem o prévio afastamento de Khadafi do poder, e pretende insistir hoje em Doha junto das potências internacionais sobre a necessidade de armarem a oposição – que, até agora, não deu quaisquer sinais de ser capaz de derrubar o autoritário regime líbio, mesmo com o apoio dos raides aéreos feitos pelos aliados da NATO desde o passado dia 19 de Março.

Sobre esta possibilidade de armar a rebelião, a fonte da delegação diplomática italiana fez questão de frisar que “a resolução das Nações Unidas [1973, dando luz verde a “todas as medidas necessárias para proteger a vida de civis”] não permite que se armem os rebeldes, mas essa é uma decisão política que os estados membros [da aliança] podem tomar”. “A verdade é que não é possível chegar a nenhuma solução política enquanto Lhadagi estiver no poder”, avaliou aquele responsável do Governo italiano.

Pouco antes, um representante dos rebeldes anunciara que o Conselho Nacional Líbio vai pedir em Doha aos governos dos aliados uma ajuda de cerca de 1,5 mil milhões de dólares para dar resposta às necessidades da população civil nas regiões controladas pelos rebeldes. Deixou ainda a garantia de que o órgão político da rebelião oferece petróleo em troca de ajuda humanitária.

O ex-chefe da diplomacia líbia Moussa Koussa, que muito recentemente renegou o regime de Khadafi – pouco após o início da intervenção militar dos aliados internacionais mandatados pelas Nações Unidas – deslocou-se também a Doha, com o propósito de se reunir com os líderes rebeldes, à margem do encontro do grupo de contacto.

Mas essa hipótese para já afastada pela própria rebelião: “Não queremos falar com Moussa Koussa, por causa do que ele fez em termos de violações dos direitos humanos”, sustentou já esta manhã o porta-voz do Conselho Nacional Líbio, Mahmud Awad Shammam, citado pelas agências noticiosas.

 

FONTE: http://www.publico.pt/Mundo/grupo-de-contacto-para-a-libia-quer-discutir-fundo-para-ajudar-a-rebeliao-contra-khadafi_1489582

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