Greve pára transportes e torna trânsito caótico
Greve pára transportes e torna trânsito caótico
Por Ana Rute Silva, Raquel Almeida Correia
Trânsito caótico, estações ferroviárias sem comboios, 121 voos da TAP cancelados. Os efeitos da greve geral, convocada pela CGTP e UGT em protesto contra as medidas de austeridade, fazem-se sentir sobretudo no sector dos transportes, no qual a adesão está a ser elevada.
As duas centrais sindicais esperam que a paralisação mostre o descontentamento dos trabalhadores face às intenções do Governo de Passos Coelho de avançar com cortes nos subsídios de Natal e de Férias no sector público, e de acrescentar mais 30 minutos ao horário de trabalho no privado. As medidas, anunciadas sem negociação social, adensam as preocupações dos trabalhadores, do comércio ao ensino, dos hospitais às autarquias.
A TAP cancelou 121 dos 140 voos previstos e todos os voos agendados para o Aeroporto da Portela estão cancelados até às 17h de amanhã, segundo um comunicado da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.
No aeroporto de Lisboa, apenas a TAP conseguiu realizar um voo até agora, com destino à Terceira (Açores). Estão programadas apenas mais duas ligações hoje.
Em Lisboa o Metro fechou as portas. Nas ruas da capital, são poucos os autocarros da Carris que circulam.
A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações avisou logo ao início da manhã que os serviços mínimos não estão a ser cumpridos na CP, empresa em que a adesão é “muito elevada”. Durante a madrugada a paralisação foi “quase total”. A empresa já veio esclarecer que, até às seis da manhã, cinco dos 19 comboios de serviços mínimos previstos não circularam, quatro dos quais devido à intervenção do piquete de greve.
Prevendo a paragem dos transportes, foram muitos os que, em Lisboa, se deslocaram de carro e anteciparam a ida para o trabalho, entupindo mais do que o habitual as principais vias de acesso a Lisboa, sobretudo no sentido Sul/Norte. Às 6h30 a fila em Almada em direcção à Ponte 25 de Abril já se estendia desde a baixa de Corroios e houve quem demorasse mais de duas horas a chegar à margem Norte. Entretanto, a circulação já está normal.
As ligações fluviais no Tejo estão encerradas devido à adesão total à greve dos trabalhadores da Soflusa e da Transtejo. O mesmo cenário nos autocarros da STCP, no Porto, onde a participação é próxima dos 100%.
Já há registo de pelo menos uma escola encerrada em Alcabideche, Cascais (secundária Ibn Mucana). Na Escola Secundária de São João do Estoril e na Pedro Nunes, em Lisboa, as aulas estão a funcionar. Em Castelo Branco também a escola Frei Heitor Pinto está fechada.
Nos hospitais, a adesão ronda entre os 50%, no Hospital de Santa Maria em Lisboa, e os 100% no Hospital de S. João, na Covilhã, Coimbra, Guarda, Seia e Lagos. Em Portimão, a adesão não foi além dos 33%
Carvalho da Silva e João Proença, líderes da CGTP e da UGT, respectivamente, continuam na rua em contactos com trabalhadores em greve. Os piquetes envolvem entre 100 a 200 pessoas e vão manter-se ao longo do dia.
A madrugada ficou marcada pela intervenção de agentes da PSP que permitiram, ao fim de duas horas, a saída em Oeiras de cinco carros da recolha de lixo, impedida por um piquete de greve. A GNR também teve de intervir em dois casos de pessoas que cortaram a circulação dos comboios em Torres Novas e Sintra.
“Os primeiros sinais mostram uma adesão muito forte”, disse esta manhã Carvalho da Silva. Pelo lado do Governo ainda não há reacções à paralisação.
A greve foi anunciada pela CGTP no início de Outubro e acabou por contar com o apoio da UGT. Esta é a terceira paralisação geral desde a criação da UGT em 1978. A primeira aconteceu em 1988 contra a intenção de Cavaco Silva, então primeiro-ministro, de mudar a legislação laboral.
Duas repartições de Finanças em Lisboa, uma na zona de Alvalade e outra em Benfica,
http://economia.publico.pt/noticia/greve-para-transportes-e-torna-transito-caotico-1522341