Greve dos correios chega a 70% e estatal ameça cortar ponto

Nesta quarta-feira (14), segundo dia da greve nacional da categoria, o sindicato dos Correios de São Paulo (Sintect-SP) realizou assembleia para avaliar o movimento, deflagrado na terça (13). Segundo um dos representantes do sindicato, Arnaldo de Salvo Jr., cerca de 70% da categoria participa da greve em todo o país. A direção dos Correios ameaça cortar ponto dos grevistas.

Diante da greve, a direção dos Correios divulgou nota na manhã desta quarta-feira (14) na qual afirma que a empresa trabalha para “normalizar a situação o mais rápido possível”, minimizando os prejuízos à população. “A ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos] trabalha para normalizar a situação o mais rápido possível e está adotando uma série de medidas que garantem o atendimento à população brasileira: contratação de recursos, realocação de pessoal, realização de horas-extras e trabalho nos finais de semana”, diz a nota.

A combatividade dos trabalhadores foi acirrada, entretanto, por uma outra nota, publicada no órgão de comunicação interna da estatal. Segundo relato de Arnaldo de Salvo, o documento informava que os trabalhadores que aderissem à greve teriam os pontos cortados e dizia ainda que a partir da deflagração da greve a proposta de acordo feita pela empresa estaria retirada.

Tal ameaça não intimidou os cerca de 3 mil trabalhadores que compareceram ao CMTC Clube nesta quarta. A proposta dos Correios é atender a reivindicação de reposição das perdas salariais (6,87%), além de um abono imediato de R$ 800 e um reajuste salarial linear – ou seja, para toda a categoria, independente da função – de R$ 50,00 a ser incorporado ao salário a partir de janeiro.

Acordo de um lado só

Na terça-feira (13), diante da ameaça de greve, a empresa alegou aos trabalhadores que a medida não era amparada legalmente, já que as negociações não teriam sido frustradas. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) replicou que “a negociação resultou, sim, frustrada, tendo em vista que, apesar das inúmeras tentativas para fechamento do acordo, a postura da ECT sempre foi de rejeição às propostas apresentadas pelos trabalhadores, não nos restando outra alternativa senão a deflagração da greve”, diz o documento enviado à empresa, que acrescenta que a categoria “continuará aberta à negociação”. Em nota, a ECT diz ter oferecido “todas as condições necessárias para o fechamento do Acordo Coletivo de Trabalho 2011/2012”.

Entretanto, a proposta que inclui R$ 50 de reajuste em janeiro já havia sido recusada pelo movimento, que a considera insuficiente – os trabalhadores pautam R$ 400. Este, inclusive, foi o motivo da deflagração da greve, visto que as negociações se arrastam desde julho e até agora não houve acordo.

“Apresentamos a nossa pauta em julho e desde então tivemos reuniões periódicas com a direção da empresa, sem conseguir chegar a um acordo. O nosso calendário de mobilizações previa a deflagração de uma greve a partir de terça-feira caso não houvesse acordo, e assim fizemos”, explica Arnaldo.

O sindicalista afirmou, ainda, que o comando nacional de greve está em Brasília à disposição para continuar as negociações, mas a direção da estatal ainda não dialogou com a direção do movimento desde o início da paralisação. Dos 35 sindicatos existentes no país, 34 conseguiram aprovar a deflagração da greve em suas assembléias. O único sindicato que ainda não conseguiu aprovar paralisação foi o sindicato de Uberaba (MG), pois a mobilização não está forte o suficiente naquele local, avalia Arnaldo, “mas o sindicato apoia a greve e está mobilizando para fazerem a paralisação lá também”, acrescenta.

A assembléia realizada em São Paulo fez uma avaliação de que o movimento grevista está forte, chegando a cerca de 70% da categoria em todo o país. A expectativa é que a direção da empresa recue de sua posição e faça uma nova proposta de reajuste linear. “O governo mantém uma postura dura, segurando o Orçamento por conta da crise econômica, mas o reajuste pode ser feito com o lucro da própria empresa, que teve bastante lucro no último período com base na sobrecarga de serviço dos trabalhadores”, opina Arnaldo.

Política econômica

Apesar de argumentar que a própria estatal pode negociar com a margem dos seus lucros uma melhoria para a categoria, o sindicalista critica a lógica da política econômica adotada pelo governo federal: “o governo Dilma está bancando superávit primário cortando no Orçamento, que poderia ser utilizado para melhorar as condições de vida dos trabalhadores”.

Arnaldo explica ainda que outra pauta fundamental do movimento grevista é a contratação de pessoal. Os ecetistas calculam que há um déficit de aproximadamente 30 mil funcionários, o que gera sobrecarga de trabalho. Além disso, os trabalhadores da estatal não recebem qualquer reajuste há dois anos.

O movimento argumenta também que a categoria possui um dos pisos salariais mais baixos oferecidos por uma estatal. O piso salarial dos trabalhadores é de R$ 807, e a categoria pede R$1.635,00. Entre os 83 itens da pauta de reivindicações, além do aumento real linear de R$ 400, há pautas relacionadas a melhores condições de trabalho, reembolso creche para pais, entre outras demandas.

Da redação, Luana Bonone, com informações do Terra

 

FONTE: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=164004

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