Gregos querem permanecer no euro, mas com menos austeridade
Gregos querem permanecer no euro, mas com menos austeridade
DA EFE, EM ATENAS
A maioria dos gregos, 88%, deseja que seu país permaneça no euro, embora também exijam que a União Europeia relaxe as medidas de austeridade e, se isso não ocorrer, estão abertos à possibilidade de voltar à moeda dracma.
Este é o resultado de uma pesquisa de opinião da empresa Pulse RC publicada nesta sexta-feira pela revista “To Pontiki”.
Segundo o estudo, 54% das pessoas entrevistadas respondeu que quer permanecer no euro fazendo sacrifícios até certo ponto, mas se não houver outra forma, preferem voltar ao dracma; enquanto 34% se mostrou partidário de permanecer na moeda única a qualquer preço e 7% exigiu o retorno imediato ao dracma.
Essa é a primeira pesquisa sobre o tema desde o fracasso das negociações para formar um novo Governo após o pleito do dia 6, fato que estimulou os rumores sobre uma eventual saída da Grécia da zona do euro.
Além disso, é o primeiro estudo que vincula a opinião dos gregos sobre o euro (sempre majoritariamente a favor da moeda única) e as medidas de austeridade da UE (rebatidas pela maioria).
Só os eleitores da conservadora ND (Nova Democracia) e do social-democrata Pasok se mostraram majoritariamente favoráveis a permanecer no euro a qualquer preço, enquanto os eleitores dos outros partidos preferem a opção de ficar na zona do euro com o relaxamento da austeridade.
ESQUERDA RADICAL AINDA É FAVORITA
A pesquisa também indica que o favorito para as eleições do junho próximo é a Coalizão da Esquerda Radical (Syriza), com intenções de voto de 24,5% (quase 8 pontos a mais ante os obtidos em 6 de maio), seguido pelo ND, com 21,5%.
Esta é a tendência mostrada pelas pesquisas publicadas desde as eleições (com exceção de um que dá a vantagem de 2,5 pontos ao ND sobre Syriza) que ainda apontam que os outros partidos mantenham o nível alcançado dia 6.
Syriza é o partido que responde ao desejo da maioria, pois defende o não abandono do euro, mas exige a revogação do memorando de austeridade imposto por Bruxelas e ratificado pelo ND e Pasok.
SAQUES BANCÁRIOS
Diante dos rumores de uma saída ou expulsão da Grécia do euro, nos últimos dias foram retirados centenas de milhões de euros das contas bancárias da Grécia, mas, segundo comprovou a Agência EFE, a situação nas caixas hoje é de total normalidade.
“Enquanto a Grécia se mantiver no euro, não haverá um pânico bancário”, explicou à EFE o economista-chefe do Alphabank, Michael Massurakis.
De fato, a bolsa grega, iniciou seu pregão matinal com ligeiras perdas, mas ao meio-dia desta sexta havia reinvertido a tendência e estava com números positivos (+1,12% no índice geral ATHEX), enquanto o índice bancário ganhava 2,34%.
Enquanto isso, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, que hoje se encontra em Atenas, mostrou sua preocupação pela instabilidade política na Grécia e se disse partidário do reforço do poder da União Europeia.
“Europa tem agora um poder limitado. Só assim teremos a oportunidade de provar que não queremos escravizar à Grécia, mas simplesmente ajudá-la”, disse Schulz durante uma visita ao presidente da República helena, Karolos Papoulias.
ALEMANHA
A chanceler alemã, Angela Merkel, ligou nesta sexta a Papoulias para falar sobre a situação da Grécia, mas o conteúdo da conversa não se tornou público.
Também hoje, o conservador Vyron Polydoras (ex-ministro de Ordem Pública) foi eleito como novo presidente do Parlamento até sua dissolução, que se espera para os próximos dias, já que o plenário deve permanecer fechado pelo menos até três semanas antes das eleições, previstas para 17 de junho, mas que ainda não foram convocadas oficialmente.