Governo romeno descarta renúncia; protestos tomam as ruas
Governo romeno descarta renúncia; protestos tomam as ruas
DA EFE, EM BUCARESTE
O governo de centro-direita da Romênia rejeitou nesta quarta-feira o pedido de renúncia proposto pela oposição, enquanto milhares de pessoas se manifestavam em cidades de todo o país pelo sexto dia consecutivo para exigir eleições antecipadas.
Os protestos, que geraram violentos confrontos entre manifestantes e policiais durante o final de semana, criticam a gestão da crise do Governo, que adotou uma das políticas de austeridade mais drásticas da Europa.
Em reação aos protestos, o primeiro-ministro, Emil Boc, se reuniu hoje com os líderes da coalizão opositora União Social-Liberal (USL), que pediu a renúncia do Executivo e a instauração de um Gabinete de tecnocratas que convoque novas eleições.
Boc descartou a renúncia, apelando à necessidade de “estabilidade política e econômica” do país.
O primeiro-ministro lembrou que as eleições estão previstas para o terceiro trimestre e garantiu que um processo eleitoral antecipado duraria pelo menos seis meses.
Governo e oposição chegaram a um acordo para realizar uma sessão parlamentar extraordinária na segunda-feira e na terça-feira da próxima semana, na qual tratarão da situação econômica e social do país e possíveis respostas aos protestos.
No entanto, o compromisso não satisfez à oposição, que convocou para amanhã em Bucareste uma manifestação para pedir a renúncia do Governo.
Trata-se da primeira iniciativa dos partidos políticos durante esta onda de protestos, que até agora se caracterizou por sua espontaneidade. À espera da manifestação de amanhã, milhares de pessoas protestaram em cidades de 20 províncias do país, segundo a emissora “Realitatea TV”.
Em Bucareste, centenas de pessoas gritaram palavras de ordem contra o Governo e contra o presidente Traian Basescu, e nem os opositores da USL foram poupados.
Os policiais registraram e identificaram grupos de jovens que chegavam ao local do protesto, para evitar os incidentes que no fim de semana deixaram cerca de 70 feridos e mais de 200 detidos.
Fora da Romênia, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, recomendou ao governo de Bucareste que leve “a sério” os protestos. “As pessoas da rua não estão interessadas em nossos debates institucionais, mas no futuro de seus filhos”, comentou.
Após receber em 2009 um empréstimo de 20 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Romênia diminuiu salários públicos, cortou ajudas sociais e aumentou impostos para cumprir seus compromissos macroeconômicos com a instituição.
O FMI e agências de avaliação como Moody’s aplaudiram repetidamente a disciplina orçamentária aplicada por Bucareste, que, no entanto, desagradou consideravelmente a população.