FMI prevê dois anos de alta do PIB no Brasil abaixo da média global

FMI prevê dois anos de alta do PIB no Brasil abaixo da média global

Alessandra Corrêa

Da BBC Brasil em Washington

Em meio ao agravamento do cenário externo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) voltou a reduzir sua previsão de crescimento para a economia brasileira, que deve ficar abaixo da média mundial em 2011 e neste ano.

De acordo com a revisão do relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial), divulgada nesta terça-feira, em Washington, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deverá avançar 2,9% em 2011 e 3% neste ano.

Se as projeções do fundo se confirmarem, o Brasil terá voltado a crescer abaixo da média global, após ter registrado um resultado bem superior à média mundial em 2010, quando cresceu 7,5%, diante de um avanço global 5,2%.

A projeção do FMI para este ano é 0,6 ponto percentual menor do que a divulgada anteriormente, em setembro de 2011, e também fica abaixo dos 3,27% projetados no último Boletim Focus, levantamento semanal feito pelo Banco Central do Brasil com base em consultas ao mercado.

Caso a previsão do FMI se confirme, o crescimento brasileiro em 2012 ficará abaixo da média mundial (3,3%) e também da média das economias emergente e em desenvolvimento (5,4%).

O avanço do PIB brasileiro também será menor que a média da América Latina e Caribe (3,6%) e do que o da China (8,2%), da Índia (7%) e da Rússia (3,3%), países que integram o grupo dos Brics.

Entre os Brics, apenas a África do Sul terá desempenho pior que o do Brasil, com previsão de crescimento de 2,5% em 2012.

Para 2013, o FMI projeta avanço de 4% no PIB brasileiro, 0,2 ponto percentual abaixo da previsão anterior, mas 0,1 ponto acima da média global, que é de 3,9%.

Zona do euro

A nova versão do relatório reduz as previsões de crescimento para praticamente todos os países e regiões, especialmente em consequência dos problemas nos países da zona do euro.

“As perspectivas de crescimento global se obscureceram e os riscos escalaram bruscamente durante o quarto trimestre de 2011, à medida que a crise na zona do euro entrou em uma perigosa nova fase”, diz o FMI.

Segundo o relatório, preocupações com perdas do setor bancário e sustentabilidade fiscal se espalharam por vários países da zona do euro.

Em muitas economias avançadas, as condições de empréstimos bancários se deterioraram. No caso dos emergentes, o impacto foi sentido com queda nos fluxos de capital.

De acordo com o relatório, os emergentes ainda correm o risco de que a perda de confiança global altere a dinâmica dos mercados de crédito e imobiliário, o que afetaria de modo negativo a atividade econômica nesses países.

O FMI afirma ainda que, dada a profundidade da recessão de 2009, as taxas de crescimento previstas para as economias avançadas são insuficientes para reduzir as altas taxas de desemprego.

O relatório ressalta que as projeções são de desaceleração, e não de colapso, já que a maioria das economias avançadas vai evitar cair em nova recessão e que a atividade nos emergentes, que vai ser reduzida, vinha em um ritmo bastante alto.

“Entretanto, isso pressupõe que, na zona do euro, as autoridades intensifiquem seus esforços para combater a crise”, diz o documento.

Em um cenário mais pessimista, no qual o contágio financeiro para o resto do mundo seja maior do que o esperado e o comércio internacional também seja afetado, as projeções de crescimento mundial poderiam ficar cerca de 2 pontos percentuais abaixo do previsto no relatório, diz o FMI.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/01/120124_fmi_crescimento_brasil_ac.shtml

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