DANÇA AJUDA DEFICIENTES DO CAMBOJA A RECUPERAR AUTOESTIMA

DANÇA AJUDA DEFICIENTES DO CAMBOJA A RECUPERAR AUTOESTIMA

Agencia EFE

Laura Villadiego.

Kampot (Camboja), 18 nov (EFE).- Os deficientes do Camboja encontraram na dança uma forma de serem aceitos por suas comunidades, em um país de crenças budistas que não vê a deficiência com bons olhos.

Através de um programa de formação da organização britânica Epic Arts in Kampot, no sul do Camboja, 11 deficientes físicos tentam não só recuperar a confiança em si próprios, mas conseguir com que a sociedade tome consciência das habilidades que eles podem desenvolver, apesar de suas limitações.

“No Camboja, as pessoas pensam que os deficientes só podem pedir dinheiro na rua e não se dão conta de que podem fazer mais coisas”, afirma Hannah Stevens, diretora do centro de formação.

Desde o início da iniciativa, 11 alunos já tiveram aulas de dança e formaram um grupo que se apresentou em regiões de todo o Camboja e em alguns países como o Reino Unido.

Sovy, de 26 anos, é surdo-mudo e só pode se expressar através de seu corpo.

“Antes eu tinha dificuldade para me comunicar e era difícil as pessoas me entenderem. Dançar ajudou-me nisso”, afirmou o jovem através da linguagem de sinais.

Como Sovy, a maioria dos alunos do programa tem deficiência auditiva, por isso que têm o desafio de conseguir dançar mesmo sem ouvir a música. O grupo conta ainda com dois cadeirantes.

Os onze alunos ensaiam diariamente as coreografias para se apresentar para dois públicos diferentes: o cambojano, para o qual preparam bailes tradicionais no país, e o internacional, com espetáculos de dança contemporânea.

O centro conta com a ajuda de dançarinos de outros países que são voluntários do projeto.

Além de permitir que os alunos desenvolvam novas formas de se expressar, a dança procura estimular a autonomia dos alunos e fazer com que estes se sintam capazes de empreender projetos.

“Antes eu não tinha amigos e sempre me sentia inseguro. Agora sei que posso fazer as coisas”, disse Poan Nadenh, de 23 anos, um dos cadeirantes.

A Epic Arts iniciou seus projetos para deficientes no Camboja em 2006, oferecendo algumas oficinas.

Através destas atividades recrutou os alunos que, em março de 2009, começaram a aprender artes visuais, fotografia, atividades manuais, teatro e artes circenses.

“A intenção é que eles depois se transformem em funcionários nossos e que continuemos com as atuações de forma profissional”, afirmou Hannah.

Depois dessa formação, os alunos poderão encontrar um trabalho na área e se tornar funcionários da organização, já que sua experiência será importante para o aprendizado de outras pessoas com deficiência.

“No início, meus pais não queriam que eu estudasse arte. Não acreditavam que eu pudesse arrumar um trabalho na área.”, destacou Nadenh.

No Camboja, estima-se que uma a cada dez pessoas tenham algum tipo de deficiência, a maioria como resultado de acidentes, doenças – que, muitas vezes, não são tratadas adequadamente – ou pelas minas antipessoais espalhadas em várias regiões do país. EFE

FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/danca-ajuda-deficientes-do-camboja-a-recuperar-autoestima.html

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