Consórcio de Belo Monte tentará derrubar greve na Justiça
Consórcio de Belo Monte tentará derrubar greve na Justiça
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL AO PARÁ
O CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte) vai pedir à Justiça do Trabalho a ilegalidade da greve dos trabalhadores da usina hidrelétrica, iniciada nesta segunda-feira.
Em nota, o Consórcio afirma que a greve foi deflagrada em razão do não atendimento das reivindicações fora da data-base feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada. A data-base da categoria é novembro.
“Amparado na legislação vigente, [o Consórcio] está tomando todas as medidas judiciais visando o encerramento do movimento e o retorno dos funcionários ao trabalho”, anunciou em nota.
O comunicado afirma ainda que a relação trabalhista está sendo regida pelo acordo coletivo de trabalho com validade até outubro.
A CCBM diz esperar que o movimento “transcorra em clima de normalidade, sem atos de vandalismo”.
Sem nenhuma nova oferta, a previsão é que o movimento grevista iniciado hoje continue nesta terça-feira.
Na assembleia feita pelo sindicato na Transamazônica no início desta manhã ficou decidido que os novos encontros ocorrerão na orla de Altamira, em frente ao rio Xingu, onde há instalações da Norte Energia.
Nesta tarde, apenas sindicalistas controlavam o acesso ao travessão 27, a vicinal através da qual é possível alcançar importantes frentes de obras, como o canteiro do Sítio Pimental, onde será construída a barragem, e a área dos diques e dos canais.
Nesta tarde, a região estava completamente vazia. A reportagem percorreu os cerca de 45 quilômetros da vicinal e não encontrou nenhuma atividade nos canteiros.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada, o Sintrapav, a paralisação teve a adesão de mais de 80% dos cerca de 7.000 funcionários da obra. Sem falar em percentual, o Consócio Construtor Belo Monte admitiu que as cinco frente de obras estão paralisadas.
ORÇAMENTO
O consórcio é o responsável por negociar o retorno dos operários ao trabalho, embora o próprio governo federal já tenha mobilizado a Secretaria Geral da Presidência para monitorar a situação.
A alegação da CCBM é que o orçamento para a construção das obras civis (excluído turbinas e montagem) de Belo Monte já foi definido e é de R$ 13,8 bilhões. A pressão sindical por equiparar benefícios ofertados por outras obras do PAC representa peso adicional ao orçamento de um projeto que está apenas começando.
Uma fonte informou à Folha que o consórcio teme que o custo de Belo Monte saia dos limites definidos em contrato. Obras como Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, estão chegando ao meio ou caminhando para o fim.
Outro problema é atender a reivindicações fora da data-base. A avaliação é que isso seria um sinal perigoso para um projeto que está apenas iniciando e que vai durar até 2019.