Conferências atravessam impasse, diz negociador da Eco-92

Conferências atravessam impasse, diz negociador da Eco-92

DENISE MENCHEN
DO RIO

Coordenador da delegação brasileira na Rio-92, o embaixador aposentado Marcos Azambuja afirmou nesta segunda-feira que o modelo de negociações usado nas conferências sober mudanças climáticas da ONU não é adequado à urgência com que o problema precisa ser resolvido.

O modelo, que exige decisões consensuais dos países participantes, é o mesmo usado na Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em junho na capital fluminense.

“Quando a humanidade quis fazer coisas radicais, ela usou métodos radicais, que são as revoluções. Para mudar dramaticamente as coisas, há instrumentos dramáticos de ação. A negociação lenta, paritária e consensual não é um instrumento que leve a isso, então estamos com um problema, que é o impasse entre metodologia e objetivos”, disse Azambuja no evento “No caminho da Rio+20”, promovido pela Fundação Konrad Adenauer e o jornal “O Estado de S. Paulo”.

O embaixador, porém, não disse quais seriam os “métodos radicais” que poderiam ser usados para resolver a questão.

Para Azambuja, as mudanças climáticas são a questão central que precisa ser resolvida pelos países na atualidade. Segundo ele, no entanto, posições como a dos Estados Unidos e da China dificultam as negociações.

“Nos Estados Unidos, um dos grandes partidos [o Republicano] simplesmente não acredita no aquecimento global causado pelo homem; na China, o debate é visto como uma tentativa final de impedir que o país atinja o status de principal potência mundial”, disse.

Ele ainda criticou o que classificou como uma “religiosidade” do tema, que provoca a cisão entre os que acreditam e os que não acreditam nas mudanças climáticas, tirando espaço da crítica e da reflexão.

O assunto do aquecimento global, porém, não deve ter um papel central na Rio+20, já que a ONU realiza reuniões anuais sobre o assunto — a última ocorreu em dezembro em Durban, na África do Sul.

Para o embaixador, o encontro no Rio não terá resultados definitivos, mas, se houver “sorte”, poderá ser uma boa conferência. Segundo ele, o Brasil poderá fazer um bom papel de mediação entre os diferentes países.

“O Brasil é o anfitrião porque é rico o bastante para entender os ricos, pobre o bastante para entender os pobres, preto o bastante para entender os pretos e branco o bastante para entender os brancos. O país tem condição de ser uma boa ponte [entre as opiniões divergentes]”, disse.

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1076974-conferencias-atravessam-impasse-diz-negociador-da-eco-92.shtml

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *