COMUNIDADE ISOLADA NO MARANHÃO GANHA ORELHÃO ECOLÓGICO

Em uma comunidade de agricultores, a trinta quilômetros de São Luís, a energia elétrica chegou. Mas o problema aqui é a comunicação. Tudo que é produzido no povoado é vendido na cidade, mas na hora de negociar com os compradores, os agricultores passam sufoco.

Quatro aparelhos, de quatro operadoras diferentes. Nenhum funciona direito na comunidade. Pra conseguir fazer uma ligação, os moradores precisam ficar procurando sinal do lado de fora das casas. Mas tem dia que não tem jeito: não funciona mesmo.

“Às vezes, a gente está escutando a outra pessoa do outro lado e a pessoa fica falando: ‘Alô, alô, alô’. Aí corta”, conta um agricultor.

A solução pode vir na invenção de um maranhense: a junção entre telefone público e celular é o orelhão móvel ecológico. Funciona em qualquer lugar, não precisa de cabos, nem de bateria: meia hora no sol é o suficiente para recarregar as placas de energia solar. A carga pode durar até cinco dias.

O orelhão móvel-ecológico é todo feito com sucata, material que antes ia pro lixo: “Esse aparelho foi feito pra levar comunicação a localidades distantes e de difícil acesso. Onde eu trouxe o aparelho pra fazer um teste com a comunidade pra ver se aprovam ou não o dispositivo”, conta o inventor Jessefran Martins.

A agricultora Antônia Pereira da Silva Alencar aproveitou a chance e ligou pra companhia que fornece energia elétrica:

– Willian, bom dia. Com quem eu falo?

– Antônia Pereira da Silva Alencar.

– Antônia Pereira, em que posso ajudar?

– É falta de energia desde as cinco horas da manhã aqui.

O agricultor Edvaldo Araújo também testou:

– Eu estou ligando do aparelho ecológico.

– E está funcionando bem o aparelho?

– Está funcionando normal.

A chamada vai pagar a tarifa de uma ligação convencional. O inventor percorre agora feiras de tecnologia para divulgar o orelho ecológico.