Comparecimento às urnas chegou a 62% no Egito, diz comissão
Comparecimento às urnas chegou a 62% no Egito, diz comissão
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Mais de 62% dos eleitores egípcios compareceram às urnas na primeira etapa das históricas eleições parlamentares ocorrida na segunda (28) e terça (29), informou nesta sexta-feira Abdel Moez Ibrahim, chefe da Comissão Eleitoral. A taxa correspondente a quase 8,5 milhões dos 13,6 milhões que estavam aptos a votar.
“Esta é a maior taxa de comparecimento na história do Egito desde a era faraônica até agora”, comemorou Ibrahim.
O elevado número de eleitores, que fizeram longas filas nos postos de votação, foi a causa do adiamento do anúncio dos votos, que é aguardado para esta sexta-feira.
A votação foi realizada em nove das 27 províncias, entre elas Alexandria e Cairo, nesta que é a primeira eleição parlamentar desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, no início do ano.
O Partido da Justiça e Liberdade, o braço político da influente Irmandade Muçulmana, deve ser a legenda com o maior número de votos, segundo analistas.
A expectativa é que o Al Nour, de orientação salafista ultraconservadora, fique em segundo, e a aliança liberal, o Bloco Egípcio, chegue em terceiro.
As eleições para escolher a Assembleia do Povo (Câmara Baixa) serão realizadas em três fases e se prolongarão até janeiro.
PROTESTOS
Manifestantes se reuniram no centro do Cairo hoje para lembrar as 42 pessoas que foram mortas em confrontos com a polícia no mês passado.
Manifestantes jovens também participaram do protesto desta sexta-feira para lembrar os “mártires” e reforçar sua demanda pela renúncia imediata da junta militar.
O conselho militar que atualmente governa o país e está sob pressão para entregar o poder aos civis tem dito que manterá seus poderes para nomear ou destituir um gabinete.
A Irmandade Muçulmana, o grupo islamita mais antigo do Egito, pareceu ter voltado atrás em um comunicado do chefe do partido esta semana, no qual dizia que a maioria no Parlamento deveria formar um governo.
Alguns egípcios temem que a Irmandade –que deve sair vitoriosa nesta eleição– possa tentar impor restrições islâmicas em um país dependente do turismo, e onde 10% da população de 80 milhões de pessoas é da minoria cristã copta.
Mas a Irmandade, com profundas raízes na sociedades egípcia desde 1928, diz que suas prioridades são o fim da corrupção, a revitalização da economia e a estabilização de uma verdadeira democracia no Egito.
ISLAMITAS
O sucesso dos islamitas na votação do país mais populoso do mundo árabe seria a reafirmação de uma tendência no Norte da África. Islamitas moderados estão governando o Marrocos e a Tunísia –cujo governo anterior foi derrubado por um levante popular– após vitórias eleitorais nos últimos dois meses.
Os egípcios, que estão votando pela primeira vez desde que oficiais do Exército derrubaram o rei em 1952, pareciam estar dispostos a dar uma chance aos islamitas. “Já tentamos todo mundo, então por que não tentar a sharia (lei islâmica) uma vez?”, disse Ramadan Abdel Fattah, de 48 anos, um funcionário público.
A composição exata dos membros do Parlamento só será conhecida quando o demorado processo eleitoral do Egito for encerrado, em janeiro. O novo legislativo poderá desafiar o poder dos generais que assumiram o governo em fevereiro, depois que uma revolta popular derrubou o ditador Hosni Mubarak, ex-comandante da força aérea.