CHINA CRITICADA POR ONDA DE REPRESSÃO CONTRA PARTIDÁRIOS DO NOBEL DA PAZ
CHINA CRITICADA POR ONDA DE REPRESSÃO CONTRA PARTIDÁRIOS DO NOBEL DA PAZ
France Presse
PEQUIM, China, 29 Out 2010 (AFP) -Organizações de defesa dos direitos humanos pediram nesta sexta-feira que as autoridades chinesas ponham fim a sua repressão contra os partidários do Nobel da Paz 2010, Liu Xiaobo, que se encontram em prisão domiciliar, enquanto que a China lançou outra ofensiva congrega o dissidente premiado.
Segundo essas organizações, várias, talvez centenas, de militantes chineses dos direitos humanos ou intelectuais foram detidos, colocados em prisão domiciliar ou sob rígida vigilância desde o anúncio do prêmio em 8 de outubro passado, que causou a revolta das autoridades chinesas.
Liu Xiaobo, de 54 anos, condenado em dezembro a 11 anos de prisão por subversão, é um dos principais autores da Carta 08 que pede reformas democráticas e foi assinada por centenas de chineses.
“O governo reforçou sua perseguição contra os signatários da Carta 08, os defensores dos direitos humanos e as universidades independentes”, segundo a rede de organizações Chinese Human Rights Defenders (CHRD).
Entre as pessoas hostilizadas se encontram Liu Xia, esposa do Prêmio Nobel, e Ding Zilin, líder das “mães de Tiananmen”, uma organização que congrega parentes das vítimas do movimento democrático da primavera de 1989.
Os escritores Hu Shigen e Yu Jie, autores de um livro crítico sobre o popular primeiro-ministro Wen Jiabao, assim como Liu Di, dissidente preso por suas declarações através da internet, estão entre as vítimas dessa nova onda de repressão.
“A persistente repressão confirma a gravidade das violações dos direitos humanos na China”, estimou em um comunicado Sharon Horn, diretora da Human Rights in China.
Depois de classificar Liu Xiaobo de “criminoso”, as autoridades utilizaram nesta semana a imprensa oficial para descrevê-lo como um mercenário motivado pelo afã do lucro.
“Não sou como vocês. Não me falta dinheiro. Os estrangeiros me pagam todos os anos quando estou na prisão”, teria dito ele a seus companheiros de cela, segundo um perfil publicado pela agência oficial Nova China.
“Este texto infame é digno das campanhas maoístas dos anos 1960”, reagiu a Repórteres sem Fronteiras.
A ira de Pequim também se voltou contra o comitê Nobel de Oslo e seu presidente, Thorbjoern Jagland, autor há uma semana de um artigo no New York Times onde explica a escolha de Liu.
“As leis e normas internacionais em termos de direitos humanos se impõem aos Estados nação, e a comunidade internacional tem o direito de assegurar que sejam respeitadas “, escreveu Thorbjoern.
“A ideia de ‘direitos humanos acima da soberania’, defendida por certos países, é rejeitada pela maioria de países dentro da comunidade internacional”, foi a resposta da agência Nova China, que também ataca o presidente do comitê.
“Desde que Jagland assumiu a presidência, o comitê Nobel selecionou dois candidatos controversos. No ano passado, concedeu o prêmio ao presidente dos Estados Unidos (Barack Obama), um país que encabeça duas guerras ao mesmo tempo (no Afeganistão e no Iraque)”, concluiu a agência oficial chinesa.