CASOS DE CÂNCER BUCAL EM HOMENS TEM NÚMERO SUPERIOR AO DE MULHERES, APONTA PESQUISA INCA

CASOS DE CÂNCER BUCAL EM HOMENS TEM NÚMERO SUPERIOR AO DE MULHERES, APONTA PESQUISA INCA

Docente UFMA afirma que substâncias como o álcool e o fumo contribuem para o fenômeno

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou estimativas sobre a ocorrência de câncer bucal em 2010: 14.120 casos, sendo 10.330 em homens e 3.790 em mulheres. Segundo Maria Carmen Nogueira, doutora em Patologia Oral e professora adjunta do Departamento de Odontologia IV da Universidade Federal do Maranhão, há maior incidência de câncer bucal nos homens devido à sua maior exposição aos agentes carcinógenos tais como o fumo e o álcool, bem como às atividades profissionais destacando-se aquelas expostas aos raios solares, condições estas favoráveis ao aparecimento da doença. 

“Todavia, nas últimas décadas, tem sido observado um aumento da incidência de casos de câncer de boca no gênero feminino, com um maior consumo de agentes carcinógenos pelas mulheres”, afirma Nogueira. 

O tipo mais comum de câncer bucal é o carcinoma epidermóide, também chamado de carcinoma espinocelular ou de carcinoma de células escamosas, que representa aproximadamente 90% das neoplasias malignas da boca. Os cânceres orais incluem ainda, os de glândula salivar, os sarcomas, os melanomas e os linfomas. 

Inicialmente, o câncer de boca pode se manifestar sob a forma de uma ferida que não cicatriza em duas semanas. Outros sintomas são ulcerações superficiais, áreas brancas e avermelhadas na mucosa oral, principalmente em fumantes, assim como lesões com coloração enegrecida. Nogueira chama atenção para o fato de que “na fase inicial, a doença é assintomática”. 

Em estágio mais avançado, pode surgir dificuldade em movimentar a língua, deficiências na fala e na deglutição, presença de sangue na saliva, dor, dentes com mobilidade e apinhamento dental e linfoadenopatia cervical. 

Quanto à ocorrência da doença em pessoas de pele clara, Nogueira afirma que “elas sofrem mais comumente com o câncer de lábio, que ocorre mais no lábio inferior por cauda da exposição excessiva e repetida ou a longo prazo destes indivíduos à radiação solar, particularmente aos raios ultravioletas”. 

Outro fator causal é o fumo capaz de provocar injúria química representada pela ação local dos produtos da combustão do fumo, injúria térmica que ocorre à custa da exposição contínua da mucosa oral ao calor desprendido pela fumaça, além da injúria mecânica causada pelo contato do papel que envolve o cigarro ou ainda pela boquilha do cachimbo que também traumatiza a mucosa do lábio.“Vale ressaltar que a maioria dos casos de câncer de boca é diagnosticada em fase avançada e por isso, apresenta grande morbidade, ou seja, chances de cura insatisfatórias e altos índices de mutilação devido aos tratamentos agressivos que precisam ser empregados para conter a doença”, alerta Nogueira. Além disso, a enfermidade, muitas das vezes, exige internação hospitalar e acompanhamento ambulatorial freqüentes, tornando alto o custo econômico do tratamento. 

Após o diagnóstico da doença, o paciente é encaminhado para tratamento oncológico, que consiste em cirurgia, radioterapia e, alguns casos, quimioterapia, que são utilizadas de maneira isolada ou conjuntamente. “Se o câncer de boca for diagnosticado no início, e tratado da maneira adequada, sua cura pode ser obtida na maioria dos casos. Entretanto, se a doença for diagnosticada em um estágio mais avançado, o prognóstico tende a piorar”, esclarece Nogueira. 

Uma das principais formas de prevenção do câncer de boca é o conhecimento dos fatores de risco envolvidos na sua etiopatogenia e a eliminação destes fatores que constitui a base para uma prevenção efetiva da doença. Dessa forma, torna-se necessário motivar o paciente ao abandono do fumo e consumo moderado de bebidas alcoólicas. Além disso, deve-se orientar o paciente sobre a adoção de uma dieta saudável bem como evitar a exposição ao sol nos horários em que há maior incidência dos raios ultravioletas. 

“Outra medida importante na prevenção da doença é a realização periódica do auto-exame da cavidade oral que é um meio de detecção de qualquer anormalidade, prevenindo o desenvolvimento de algum tipo de lesão, inclusive as cancerizáveis”, acrescenta Nogueira. O auto-exame deve ser feito sempre, mesmo que não haja suspeita de qualquer anormalidade na boca. 

A prevenção do câncer de boca é possível quando há o diagnóstico precoce da doença. “Cabe ao cirurgião-dentista a realização de um exame clínico minucioso da cavidade oral, podendo detectar alterações antes mesmo de qualquer sintoma. Para tanto, este profissional deve estar cientificamente preparado, além de ter domínio técnico da profissão”, afirma Nogueira. 

Não há evidência científica que relacione o trauma mecânico provocado por próteses mal-adaptadas, dentes e/ou restaurações fraturadas à gênese do câncer bucal. Todavia, a existência destes fatores combinada a outras causas pode ser considerada como agente cocarginogênico e não iniciador do câncer oral. 

 

FONTE: http://www.ufma.br/noticias/noticias.php?cod=10075

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *