CARTEL DO ETANOL ESPECULA COM OS PREÇOS E COLOCA A CULPA NA CANA
Unica reduz a previsão da produção de etanol: -11%
Escrito por: Hora do Povo
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou na quarta-feira (13) sua nova estimativa para a produção de etanol na safra 2011/2012: 22,54 bilhões de litros, uma redução de 11,19% na comparação com a safra anterior (25,38 bilhões de litros).
A previsão de moagem é de 533,50 milhões de toneladas de cana, uma queda de 4,21% em relação à safra 2010/2011, quando foram moídas 556,94 milhões de toneladas. Do volume total da colheita de cana 46,94% serão destinados à produção de açúcar e 53,06% para a produção de etanol. A projeção da entidade é que a produção de açúcar deve atingir 32,38 milhões de toneladas ao final da safra, uma queda de 3,35% ante a safra 2010/2011 (33,5 milhões de toneladas).
Para o engenheiro agrônomo Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), nos próximos três anos vai continuar havendo problemas de desabastecimento de etanol, o que fará com que o preço do combustível continue alto.
“O etanol poderia estar agora com maior pressão de oferta, já que estamos em plena safra. No entanto, isso não está acontecendo. Já está havendo estocagem do produto para a entressafra. Esses preços devem se manter durante o ano inteiro. Não vai voltar mais a R$ 1,10 [por litro] ou R$ 1,20 justamente para inibir um pouco essa demanda e permitir que haja estocagem. Mas, ainda assim, nas minhas contas, vai faltar cana e, faltando cana, vai faltar etanol”, declarou Beauclair à Agência Brasil. Pesquisa realizada em postos na cidade de São Paulo pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro de etanol em junho estava em R$ 1,865.
Atualmente, cinco empresas produzem 50% do etanol no Brasil: a anglo-holandesa Raizen (Shell/Cosan), a francesa Louis Dreyfus, a norte-americana Bunge, a francesa Tereos e a ETH, do grupo Odebrecht. Além disso, tem a norte-americana Adecoagro, de George Soros; a CNAA, comprada pela pretroleira inglesa British Petroleum; a Equipav e Vale do Ivaí, adquiridas pela indiana Shree; a Rio Vermelho, empalmada pela suíça Glencore. Ou seja, a desnacionalização da economia é a causa para o aumento do preços do etanol. Por isso, se faz necessário o aumento da participação da Petrobrás na produção de etanol, hoje em 5% do total.
Mas, segundo a Unica, os fatores que estão levando à redução do volume da cana disponível para a moagem são a idade avançada do canavial, estiagem ocorrida entre abril e agosto de 2010; geada que atingiu as lavouras no final de junho nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e do Paraná; e o florescimento do canavial, fenômeno induzido por condições de temperatura, umidade e radiação solar específicas.