Capital maranhense vive dia de manifestações 'em série'
POR JULLY CAMILO
Três protestos de moradores por melhorias de infraestrutura nas áreas do Itaqui-Bacanga, Vila Maranhão e Vila Kiola-Lima Verde aconteceram na manhã de hoje (26) em São Luís.
Policiais militares e agentes de trânsito se deslocaram para as três localidades, mas o tráfego de veículos – já normalmente complicado em ocasiões normais – tornou-se ainda mais lento devido às manifestações.
Capital maranhense vive dia de manifestações ‘em série’
POR JULLY CAMILO
Três protestos de moradores por melhorias de infraestrutura nas áreas do Itaqui-Bacanga, Vila Maranhão e Vila Kiola-Lima Verde aconteceram na manhã de hoje (26) em São Luís.
Policiais militares e agentes de trânsito se deslocaram para as três localidades, mas o tráfego de veículos – já normalmente complicado em ocasiões normais – tornou-se ainda mais lento devido às manifestações.
Foto: G. Ferreira
Na Vila Maranhão, fogo em galhos e pneus
Quatro pessoas que participaram dos protestos foram conduzidas para a Delegacia Especial da Cidade Operária (Decop) pela Polícia Militar.
Barragem – No Itaqui-Bacanga, o protesto ocorreu próximo à barragem. Desde as 5h, moradores do Sá Viana e Jambeiro interditaram parte da Avenida dos Portugueses.
Munidos de faixas e cartazes os manifestantes permaneceram por quase quatro horas à margem da avenida, onde reivindicaram segurança nos bairros, saneamento básico, saúde, bem como prazos para conclusão do Projeto de Revitalização da Bacia do Bacanga e a definição das moradias das famílias cadastradas no Programa Aluguel Social, que foram atingidas pelas últimas enchentes.
“Não temos médicos nem saúde de qualidade. A violência é freqüente em nossa área, e já não tem mais como contabilizar assaltos, estupros e homicídios que ocorrem por aqui. Nossas casas foram fechadas pela Defesa Civil e nos foi dado um aluguel social que, além de não atender nossas necessidades, só vive atrasado”, disse o morador Walter Cutrim, de 52 anos.
O universitário Amsterdã Junior, 32, que também mora no Sá Viana, explicou que mais de mil famílias estão cadastradas no projeto de moradia, mas segundo informações existem pouco mais de 500 casas para serem construídas. Ele relatou que a maioria dos moradores teme por uma catástrofe ainda maior, caso a Bacia do Bacanga transborde.
“Na estrutura da barragem existem quatro comportas, porém apenas uma funciona. Se tivermos um grande volume de água, as residências situadas à margem da barragem serão engolidas”, disse o estudante.
Vila Maranhão – No Km 18 da BR-125 (Vila Maranhão), os moradores interditaram a via em seus dois sentidos, impedindo o acesso de veículos e pedestres. O bloqueio começou a ser feito por volta de 6h, com galhos de árvores e pneus em chamas. As polícias Rodoviária Federal e Militar estiveram no local para garantir a integridade física de motoristas e manifestantes.
Segundo um dos líderes do protesto, Márcio Farias, 31, os populares reivindicam o retorno da viatura da PM responsável pela ronda do bairro, que foi retirada de circulação, e a instalação de iluminação no local.
“São quase 20 mil habitantes em toda a Vila Maranhão, além das mais de 60 empresas instaladas na região; portanto, precisamos de atenção. Aqui quando há uma emergência temos que acionar o 190, que acaba deslocando viaturas de outras áreas para cobrir a nossa, o que demora faz o atendimento demorar até duas horas”, explicou Márcio.
Segundo o soldador Junivaldo Vieira dos Santos, 33, a comunidade já participou de várias reuniões no Comando Geral da PM, mas nenhuma medida foi tomada sob a alegação de “baixo índice de violência” na Vila Maranhão.
Vila Kiola-Lima Verde – Já o protesto realizado na Estrada de Ribamar, nas proximidades da Vila Kiola e do Lima Verde, começou por volta de 7h30. Centenas de moradores interditaram parcialmente a via com galhos de árvores e pneus incendiados. Os manifestantes reivindicaram da Prefeitura de São José de Ribamar a conclusão dos serviços de infraestrutura nas ruas da Vila Kiola. De acordo com um dos líderes do movimento, o metalúrgico Elenilson Rodrigues, 31, das 25 ruas do bairro, apenas 18 receberam uma fina camada de asfalto. “Na verdade queremos a continuidade dos serviços, porém com o material adequado. A obra foi orçada em pouco mais de R$ 214 mil, o que para nós é uma quantia razoável e suficiente para comprar material de qualidade. As ruas beneficiadas receberam um asfalto tão fino que parece até que o chão foi apenas pintado de preto”, afirmou Elenílson.
Foto: G. Ferreira
Na Vila Kiola, moradores reivindicaram serviços de infraestrutura
Segundo o metalúrgico, a manifestação era pacífica, mas policiais militares – entre eles, homens do Batalhão de Choque – foram chamados para o local, o que acabou resultando num pequeno confronto e na condução de cinco pessoas para a Decop.
Os manifestantes disseram que a PM usou de força física, gás lacrimogêneo e bala de borracha para dispersar os populares.
“Veio um representante da Prefeitura de Ribamar aqui e nos convocou para uma reunião, na terça-feira (27), com o prefeito. Ele pediu que formássemos uma comissão de 10 pessoas para expormos os problemas do bairro. Mesmo sem acreditar que eles farão algo por nós, iremos a essa reunião”, disse Elenilson Rodrigues.
PM nega – De acordo com o tenente-coronel Jefferson Teles, comandante do Policiamento Metropolitano da Capital (CPM), não houve uso da força física ou de qualquer outro aparato dissuasivo para impedir que os manifestantes concentrados na Estrada de Ribamar obstruíssem a via. Ele explicou que quatro pessoas foram conduzidas a delegacia por terem cometido dano ao patrimônio, perturbação da ordem pública e violação do direito de locomoção das pessoas.
“O problema é que em toda manifestação as pessoas resolvem bloquear as ruas e avenidas, e isso fere o direito de ir e vir do cidadão. Quanto ao caso da Vila Maranhão, existe uma viatura no bairro que faz a segurança da área, e caso sejam necessárias outras viaturas de bairros vizinhas, elas serão acionadas para atender as demandas da localidade. No Sá Viana também existe o patrulhamento permanente. O que as pessoas precisam entender é que a polícia não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, afirmou Teles.
A Secretaria Extraordinária de Projetos Especiais (Sempe) informou por meio de nota que o Programa de Recuperação Ambiental e Melhoria da Qualidade de Vida da Bacia do Bacanga contempla um Plano de Reassentamento Involuntário (PRI), que está sendo elaborado em consórcio pelas empresas Synergia, Colmeia e Projetecque. O plano deve ser entregue em janeiro de 2012 e contemplará as propostas e soluções para o reassentamento das famílias que moram em áreas alagadas e de risco, localizadas na margem esquerda da Bacia do Bacanga.
FONTE: http://www.jornalpequeno.com.br/2011/9/26/capital-maranhense-vive-dia-de-manifestacoes-em-serie-171378.htm