Caminhoneiros cancelam greve e convocam protesto na Argentina
Caminhoneiros cancelam greve e convocam protesto na Argentina
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O sindicato dos caminhoneiros da Argentina cancelou a greve de três dias que dificultou a distribuição de combustíveis no país, declarou nesta quinta-feira o presidente da agremiação, Hugo Moyano. A categoria convocou um protesto e um dia de paralisação na próxima quarta (27).
“Na próxima quarta, vamos convocar uma mobilização na praça de Maio [no centro de Buenos Aires, em frente à sede do governo argentino] contra o perverso imposto ao trabalho”, informou Moyano, que também é presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT), maior organização sindical da Argentina.
O líder de trabalhadores retirou da pauta de reivindicações o aumento de salários dos caminhoneiros e disse que concentrará a mobilização na diminuição de impostos de renda para a categoria. Ele ainda criticou a presidente Cristina Fernández de Kirchner, ex-aliada, chamando-a de “soberba”.
“Peço à senhora presidente que deixe de lado sua soberba, que não acredite que possa fazer tudo por ter conseguido 54% dos votos na última eleição, tenha um pouco de humildade e entenda a necessidade de terminar com essa discriminação e esse imposto injusto”.
A greve, iniciada na segunda (18), foi encerrada após um acordo salarial entre o sindicato e as empresas de transportes, após um aumento salarial de 25,5%.
PROTEÇÃO POLICIAL
A presidente enviou a polícia militar para proteger depósitos de combustíveis e refinarias de petróleo bloqueadas por caminhoneiros e implementou planos de abastecimento de emergência em um esforço para evitar o desabastecimento, uma situação que não é vista desde uma rebelião por parte dos agricultores em 2008.
“Atualmente, o fornecimento de combustível caiu 70%”, disse Luis Malchiodi, presidente da Federação das Entidades de Combustível da província de Buenos Aires.
“Ao meio-dia de amanhã, praticamente não haverá nada restante em qualquer lugar.”
Rosario Sica, o chefe de outro grupo da indústria, disse que “se a greve dos caminhoneiros de combustível continuar, haverá problemas amanhã”.
QUEIXA-CRIME
O governo abriu uma queixa-crime sobre a greve e multou o sindicato dos caminhoneiros em quatro milhões de pesos por desafiarem uma ordem para negociar, o que provocou a ira de Moyano, cujo filho comanda o sindicato. Os dois homens estão em desacordo com Cristina.
Moyano costumava ser um aliado próximo da presidente, mas sua aliança estratégica entrou em colapso no último ano, aumentando a ameaça de problemas trabalhistas.
Vários outros sindicatos prometeram apoio aos caminhoneiros.
Se a greve de três dias terminar como planejado ao meio dia de sexta-feira, graves complicações para o transporte de grãos e refinarias de petróleo são improváveis.