AUTORIDADES SÍRIAS MATAM CINCO MANIFESTANTES EM PROTESTOS PELA LIBERDADE
Os militantes pró-democracia na Síria manifestaram-se de novo nas ruas gritando pela liberdade e as forças de segurança do regime voltaram a reprimir os protestos disparando contra os manifestantes e provocando a morte de, pelo menos, cinco pessoas na cidade de Homs.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a cidade costeira de Banias presenciou nesta sexta-feira o maior protesto desde o início da vaga de contestação que se prolonga desde há nove semanas. Os manifestantes marchavam em tronco nu para mostrar que não estavam armados, ao contrário das acusações do regime que invoca a existência de “grupos armados” que desafiam o poder.
Além de Banias e Homs, também as cidades de Qamishli e a capital, Damasco, foram palco de manifestações que desafiaram as tropas do Presidente Bashar al-Assad.
Radif Mustapha, um dirigente de uma organização curda de defesa dos direitos humanos contou à AFP que perto de Alep, a segunda cidade do país, situada numa região curda no norte da Síria, centenas de opositores gritavam “não à violência, sim ao diálogo” e explicavam “nós não somos islamistas nem salafistas, queremos a liberdade.” Mustapha adiantou que nessa manifestação “ninguém pedia a queda do regime”, ainda que se ouvissem na rua gritos pela liberdade.
A oposição síria convocou a população para uma marcha nas ruas depois das orações desta “Sexta-feira da liberdade”, assegurando que as duas principais cidades do país – Damasco e Alep – surpreenderiam as autoridades.
“O povo está pronto para esta sexta-feira”, anuncia a Revolução Síria 2011, um grupo no Facebook que convoca protestos anti-regime. “Não seremos tolerantes com as forças de segurança”, avançaram. “Não os deixaremos prenderem-nos e seremos como um espinho nas suas gargantas.”
As manifestações desta sexta-feira acontecem um dia depois de o Presidente norte-americano, Barack Obama, num discurso sobre a vaga de mudança que agita o Médio Oriente e o Norte de África, ter afirmado que Assad deveria “liderar a transição ou sair”. Obama sublinhou ainda que o “Governo sírio tem de parar de atirar contra os manifestantes e permitir protestos pacíficos.”
O aviso não foi visto com bons olhos por Damasco que entendeu que não acalmava a tensão mas “incitava à violência”, quando dizia que “o regime iria enfrentar desafios no seu interior e iria ficar isolado no exterior se não adoptasse reformas democráticas”, escreveu a agência oficial Sana.
O jornal “Al-Thawra”, pro-regime de Assad, acusou também o Presidente norte-americano de ser “arrogante” por estar a dizer “a um país soberano o que fazer” e por “ameaçar o país de isolamento caso não faça o que lhe está a ser dito.”
Na quarta-feira, Obama anunciou a imposição de sanções a Bashar al-Assad e a outros seis líderes do regime pelo seu papel na violenta repressão dos protestos. Segundo um comunicado da Casa Branca, a decisão foi “uma medida decisiva para aumentar a pressão sobre o Governo sírio a fim de que ponha termo à violência contra o seu povo e faça a transição para um sistema democrático.”
De acordo com números fornecidos por grupos de direitos humanos e pelas Nações Unidas, mais de 850 pessoas já morreram e milhares foram detidas desde o início da vaga de contestação em meados de Março.
FONTE: http://www.publico.pt/Mundo/autoridades-sirias-matam-cinco-manifestantes-em-protestos-pela-liberdade_1495121