AUTORIDADES REPRIMEM PROTESTOS NO IÉMEN

AUTORIDADES REPRIMEM PROTESTOS NO IÉMEN

Por Sofia Lorena

Pelo menos 150 pessoas ficaram feridas esta manhã quando militares e polícias dispersaram à força um protesto em Hudaida, cidade à beira do mar Vermelho, no ocidente do Iémen. Os manifestantes pediam a saída de Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos.

Desde o fim de Janeiro que se verificam manifestações contra Saleh no mais pobre dos países árabes. Assim que os protestos começaram, o Governo mobilizou apoiantes que nunca mais saíram da rua. De um lado e de outro, cada vez parece recorrer-se mais à violência.

Segundo um médico ouvido pela Reuters, centenas de soldados e polícias à civil, todos armados, atacaram os manifestantes. “Usaram gás lacrimogéneo, balas de borracha, fogo real e bastões”, descreveu. “Forças especiais, forças de segurança e polícia, cercaram os manifestantes. O principal hospital já lotou a sua capacidade”, disse Mohammed Muajem, um dos manifestantes.

Outros dois manifestantes ouvidos pela mesma agência dizem que alguns dos feridos foram ainda perseguidos pelas forças de segurança e acabaram por ser espancados. 

Segundo os jornalistas da AFP, há muitos ferimentos provocados por balas e há também pessoas que ficaram intoxicadas com o gás lacrimogéneo.

Hudaida não foi o único foco de violência do dia: em Taiz, 200 quilómetros a sul da capital, Sanaa, a activista Bushra al-Maqtari denuncia que polícias à paisana atacaram mulheres que se manifestavam, ferindo pelo menos onze. E em Juf, na fronteira com a Arábia Saudita, a nordeste de Sanaa, há combates pelo terceiro dia consecutivo entre partidários de Saleh e simpatizantes da oposição. Três apoiantes do Congresso Popular Geral, o partido do Presidente, ficaram feridos.

Pelo menos 40 pessoas já morreram desde o início do movimento de contestação no país mais a Sul da Península Arábica. 

O Iémen, muito pobre – um terço da população vive com acesso a menos de 1200 calorias por dia – e conservador, tem uma organização essencialmente tribal e Saleh dependeu sempre do apoio das tribos que começa, em algumas zonas, a perder. A Sul há ainda um movimento separatista enquanto a Norte há uma revolta dos xiitas zaiditas que já fez milhares de mortos desde 2004. Há também a ameaça da Al-Qaeda, já que o país é actualmente a sede do grupo na Pensínsula.

 

FONTE: http://www.publico.pt/Mundo/autoridades-reprimem-protestos-no-iemen_1485113

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