Ato contra "manual" para alunos da UFPR reúne cem pessoas em Curitiba
Ato contra “manual” para alunos da UFPR reúne cem pessoas em Curitiba
JEAN-PHILIP STRUCK
DE CURITIBA
Um grupo de cerca de cem pessoas realizou no final da manhã desta quarta-feira (4), em Curitiba, um ato contra o machismo em reação a um “manual de sobrevivência” que havia sido distribuído para calouros do curso de direito da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
A manifestação foi promovida pelo Grupo de Gênero, uma organização feminista da universidade. Há uma semana, o mesmo grupo já havia redigido coletivamente uma nota de repúdio contra o manual, que foi elaborado por membros de um partido estudantil que até 2011 comandava o centro acadêmico local.
O manual tinha um tópico que, em tom irônico, dava dicas para os calouros conseguirem sexo com garotas usando artigos da “legislação brasileira”. O conteúdo foi chamado de “machista” pelo Grupo de Gênero e outras organizações da universidade.
O ato aconteceu em frente à sede da UFPR na praça Santos Andrade, que abriga o setor de ciências jurídicas da universidade. O tema foi “por uma universidade sem machismo”.
Após a concentração na praça, o grupo seguiu para outro prédio da UFPR no centro de Curitiba. À noite, o manifestantes vão realizar um debate para discutir o machismo na universidade.
O MANUAL
O livreto “Como cagar na cabeça de humanos”, cujo título faz referência aos pombos que vivem no teto da sede da faculdade de direito, foi distribuído em março para calouros do curso de direito da UFPR.
Nele, entre dicas sobre os melhores lugares para beber na região, há um tópico que promete mostrar ao calouro como “se dar bem na vida amorosa utilizando a legislação brasileira”.
Segundo o manual, se uma garota prometer “mundos e fundos (principalmente fundos)” e der apenas um beijo, o calouro deve citar o artigo 233 do Código Civil para conseguir fazer sexo.
“Obrigação de dar: `a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados'”, segundo o artigo.
O grupo de alunos da UFPR (Federal do Paraná) que distribuiu “manual de sobrevivência” disse que não teve a intenção de ofender mulheres.
O Partido Democrático Universitário, responsável pelo texto, disse que ªnada visava além de propiciar algumas risadas em nossos novos colegas, com brincadeiras a respeito da vida na universidadeº. Diz ainda que o manual é, ªde cabo a rabo, uma piadaº.
André Arnt Ramos, 19, presidente do PDU, disse que pede desculpas se o conteúdo pareceu ofensivo, mas que a reação foi “exagerada”.
“Afirmar que incentivamos estupro ou coisas assim é ridículo. Essas acusações acontecem por rivalidade acadêmica. Falta humor na política acadêmica”, afirmou Ramos.