AS DIFICULDADES DO ENSINO INDÍGENA NO PAÍS E OS CAMINHOS PARA DRIBLAR O PROBLEMA E BUSCAR UMA ESCOLA
AS DIFICULDADES DO ENSINO INDÍGENA NO PAÍS E OS CAMINHOS PARA DRIBLAR O PROBLEMA E BUSCAR UMA ESCOLA MAIS AUTÔNOMA
A educação indígena na escola é um assunto polêmico e complexo, discutido por diversos órgãos públicos responsáveis pelo ensino no Brasil. Após o percurso de colonização indígena realizado através dos jesuítas (Companhia de Jesus), foi reservado o direito às tribos a ter uma escola em sua comunidade, porém, uma escola que busque autonomia, um dos critérios a serem alcançados pelos indígenas.
No entanto, hoje se observa a interferência do Estado nas escolas indígenas, de forma que os currículos sejam direcionados pela visão do não indígena, ou seja, sem respeitar as peculiaridades das tribos. Um dos aspectos que preocupa essas tribos é o etnocentrismo empregado aos projetos, pois a ideologia tribal é toda voltada para o bem comum, diferentemente dos não-índios que, muitas vezes fundamentados em um Sistema Capitalista, tem o individualismo como uma marca forte em seus trabalhos.
Outro ponto fundamental é o bilinguismo, uma questão importante enfrentada pelas escolas indígenas. “A ação pedagógica tradicional integra sobre tudo três currículos que se relacionam entre si: a língua, a economia e o parentesco. O modo como se vive esse sistema de relação caracteriza cada um dos povos indígenas. O modo como se transmite para seus membros, especialmente para os mais jovens, isso é a ação pedagógica”. (CADERNOS CEDES, ANO 1999 p.13).
Muitos professores indígenas trabalham por meio de projetos que conservem a língua nativa por meio da cultura que é passada de geração a geração (já que o grau de parentesco é tão valorizado nas aldeias) até em aulas expositivas em que a língua é usada e ensinada aos alunos constantemente. Mas, com a introdução da língua portuguesa nas aldeias, os índios se questionavam qual deveria ser eleita a “língua da tribo”. Havia aí uma preocupação, já que algumas tribos, por razões históricas e de exploração, tinham como dialeto principal a língua nativa.
Divisor de águas
Com o movimento dos professores indígenas, principalmente dos Estados do Amazonas e Roraima, foi possível intitular alguns direitos, entre eles a conservação da língua nas escolas para preservar a cultura da comunidade. Foi através de discussões e movimentações dos professores que eles conseguiram intitular tal direito, um dos fatos mais importante da cultura indígena.
Outro marco da nova geração indígena é o fato do corpo docente ter se fortalecido, tendo como finalidade a busca por seus direitos; lutam e buscam os direitos das comunidades, na tentativa de não deixar acabar a cultura, as terras e o modo de vida que são tão peculiares.
Muitos professores indígenas trabalham por meio de projetos que conservem
a língua nativa por meio da cultura que é passada de geração a geração
O movimento de professores indígenas do Amazonas e Roraima é, a cada ano que passa, mais forte e expressivo, e desempenha um indiscutível papel de vanguarda. Um dos efeitos mais notáveis desses eventos é, sem dúvida, a irradiação da reflexão e da discussão sobre a escola indígena em diversas populações da Amazônia ocidental (SILVA, 1994, p 47).
FONTE: http://portalcienciaevida.uol.com.br/ESLH/Edicoes/33/artigo182842-1.asp