Após pressão, vereadores de Campinas discutem reduzir reajuste
Após pressão, vereadores de Campinas discutem reduzir reajuste
MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS
A Câmara Municipal de Campinas (SP) realizou ontem o primeiro debate público para rever o aumento do salário dos vereadores.
A medida é uma resposta a manifestações contrárias ao projeto que propõe 126% de reajuste, aprovado no ano passado pela Casa sem discussão.
A proposta do atual prefeito interino, Pedro Serafim (PDT), elevava o subsídio dos vereadores de R$ 6.600 para R$ 15 mil a partir de 2013. O projeto ainda reduz a verba mensal de gabinete de R$ 43 mil para R$ 35 mil.
No momento da votação, em dezembro passado, o projeto não foi lido na íntegra. Manifestantes, que tinham lotado a Câmara, protestaram quando souberam que o aumento já estava aprovado.
“A principal indignação das pessoas foi sobre a forma como as coisas foram feitas. Hoje começamos a rediscutir esse processo”, afirmou o atual presidente da Câmara, Thiago Ferrari (PTB).
Segundo Ferrari, já há um projeto de lei em tramitação para que todas as propostas de alteração nos salários dos vereadores sejam sempre objeto de debates públicos e fiquem por ao menos 30 dias na pauta da Câmara para consulta da população.
A Mesa Diretora também apresentou novo projeto de lei para revogar o aumento anterior. A proposta é reduzir o índice do aumento para 48%, dos atuais R$ 7.100 (já com recomposição da inflação) para R$ 10,5 mil.
Cerca de 50 pessoas participaram do debate ontem na Câmara, além de 14 vereadores e do professor de ética e política da Unicamp Roberto Romano.
O novo índice de reajuste foi alvo de críticas de participantes do debate, que sugeriram atrelar eventuais aumentos a correções nos vencimentos do funcionalismo.
Para Romano, o debate mostra o reconhecimento de um erro. “Pode-se dizer que a votação anterior foi um golpe. O ideal é que o debate seja um novo procedimento, não apenas uma resposta a uma crise específica”, disse.
Segundo o presidente da Comissão de Legalidade da Casa, vereador Campos Filho (DEM), se algum cidadão pedir mais um debate sobre o tema, isso pode ser feito. Caso contrário, o novo projeto deve ir a votação em abril.