Após greve da PM na BA, votação testa força de Jaques Wagner
Após greve da PM na BA, votação testa força de Jaques Wagner
GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR
Depois da greve da PM no mês passado que motivou uma onda de mortes e violência na Bahia, o governador Jaques Wagner (PT) enfrenta nesta terça-feira o seu primeiro teste político na votação do projeto para o pagamento da gratificação por atividade policial.
O projeto estabelece o pagamento escalonado, a partir de novembro, das chamadas GAP-4 e GAP-5, e representa, segundo o governo, um aumento de 39% até 2015.
Wagner, que está em viagem à Alemanha, conta com o apoio de pelo menos 49 dos 63 deputados.
As emendas mais polêmicas preveem a antecipação do início dos pagamentos para este semestre e a extensão das gratificações aos aposentados da PM –pontos que o governo afirma serem inegociáveis por falta de recursos. A categoria também reclamava do item do projeto que condicionava o pagamento das gratificações a uma avaliação do superior imediato do policial.
“Nós já alteramos o projeto no que foi possível para gerar consenso, como mudar o critério da avaliação funcional não ser feita pelo superior imediato. Sobre o pagamento a aposentados, simplesmente não é possível”, disse o líder do governo, Zé Neto (PT).
Minoritária, a oposição preparou uma estratégia para obstruir e retardar a votação, que deve se estender até a madrugada desta terça.
Cerca de 150 policiais que acompanham a votação na Assembleia aplaudem discursos de deputados de oposição que fazem críticas ao governo.
“O governador pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”, criticou o oposicionista Elmar Nascimento (PR).
PRISÕES E PROCESSOS
Processos administrativos e prisões de grevistas após o fim do movimento são outro foco de tensão entre o governo do PT e os policiais militares.
Durante as negociações para encerrar a paralisação, Wagner havia prometido que não haveria punições internas a grevistas que não tivessem se envolvido em atos de vandalismo ou crimes.
Associações de policiais, no entanto, já contabilizaram a abertura de 102 processos administrativos contra policiais e a prisão de 28 policiais sob suspeita de crimes previstos no Código Penal Militar, como participação em motim.
“O governador prometeu que não iria perseguir quem participou do movimento, mas logo depois começou a caça às bruxas”, diz José Dias, dirigente de uma das entidades que representam policiais no Estado.
O líder do governo, Zé Neto, nega que Wagner tenha quebrado a promessa.
“A esmagadora maioria dos policiais participou da greve e não foi punida nem com corte de ponto. É diferente de quem participou da articulação das ações que deixaram o país estarrecido”, disse o aliado de Wagner.