Após confusão sobre ordem de Justiça, sem-teto dizem que só deixam prédios no centro à força

Após confusão sobre ordem de Justiça, sem-teto 
dizem que só deixam prédios no centro à força

Grupos afirmaram que vão para a Prefeitura de São Paulo se houver reintegração de posse

Do R7

Os grupos que lutam por moradia e ocupam pelo menos dez prédios abandonados na região central de São Paulo desde segunda-feira (7) afirmaram que não vão sair dos edifícios. Segundo Osmar Silva Borges, líder da Frente de Luta por Moradia, já foi entregue à Prefeitura e ao Governo do Estado de São Paulo um documento com as principais reivindicações dos sem-teto. 

– Estamos esperando. Já manifestamos interesse de fazer uma reunião coletiva. Sem acordo não tem saída [dos prédios], a não ser que seja pela força policial. 

Borges afirmou que o grupo, composto por várias frentes e formado por aproximadamente 3.500 pessoas, vai para a Prefeitura de SP caso eles sejam expulsos e obrigados a sair por causa de uma ação policial. 

Entre as reivindicações dos manifestantes estão a entrega de habitações do Programa Renova Centro, da prefeitura, e o início de obras da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) que, segundo os movimentos, estariam paradas em diversas regiões da capital. 

Maria do Planalto, coordenadora geral do Movimento Terra de Nossa Gente, lidera a ocupação do prédio abandonado na altura do número 908 da avenida Ipiranga. Segundo ela, cerca de 300 pessoas estão no local e se organizam para manter a ocupação. Alguns são responsável pela comida, outros pela organização e outros pela segurança. 

– A paciência acabou e nós resolvemos vir pra cá. Aqui todo mundo ajuda e come a mesma coisa. Não pode um comer bife e outro comer arroz. A comida é a mesma pra todo mundo. 

Na cozinha comunitária, Geralda Graziela, de 59 anos, ajuda outras cozinheiras a preparar as três refeições diárias para os 300 ocupantes do prédio na Ipiranga. 

– De manhã tem café, bolacha, pão com manteiga e leite. No almoço [de segunda-feira] eles comeram arroz e macarrão. Quando terminamos de fazer uma refeição já começamos outra, porque é para muita gente. 

eralda afirmou que não tem onde morar e que divide os espaços com as outras pessoas que foram desapropriadas em 2008, em uma comunidade da zona leste. 

– Eu moro pingando nos lugares. Meu apartamento já saiu, estou esperando. Mas tem que sair para todos, então temos que ir à luta. Enquanto não terminar de atender a todos, nós vamos continuar. 

No prédio da avenida São João, na altura do número 630, Marcone Tavarez dos Santos, que é auxiliar em uma pizzaria, disse que ocupa os andares do edifício com a mulher e a filha de três anos para pedir melhores condições de pagar aluguel em São Paulo. Segundo ele, o aluguel é caro e não sobra dinheiro para sustentar a família. 

– Estou há cinco anos em São Paulo e até hoje não tenho nada. Só trabalho para pagar aluguel. Não tem condições de viver uma vida dessa. Não queremos nada de graça, mas queremos um aluguel mais em conta. Vou ficar aqui até que um acordo seja feito. 

Reivindicações 

Os grupos também reivindicam moradia para as pessoas que deixaram os edifícios São Vito e Mercúrio, na região do parque Dom Pedro, no centro, que terminaram de ser demolidos em maio deste ano. Pedem ainda que a prefeitura informe quando entregará os 53 prédios que seriam desapropriados, na região central, pelo Programa Renova Centro, medida anunciada pelo prefeito Gilberto Kassab em fevereiro deste ano. 

A nota fala ainda em “5.000 unidades habitacionais para o atendimento no Programa de Locação Social; 5.000 atendimentos no Programa Bolsa Aluguel para situações emergências até o atendimento definitivo; atendimento da demanda dos movimentos de moradia que atuam efetivamente na área central há anos no empreendimento habitacional na área da SPU – Secretaria do Patrimônio da União/Pari (Feira da Madrugada), de acordo com o governo federal”. 

A primeira construção ocupada, à meia-noite, está localizada na rua Tabatinguera. Na região central, construções nos números 617, 613, 625 e 601 da avenida São João, duas na rua Conselheiro Nébias, na altura do nº 314. Na zona leste, uma ocupação ocorreu na rua Doutor Carlos Guimarães, no Belém, uma delas em um prédio da CDHU, próximo à avenida Celso Garcia. Na rua Borges de Figueiredo, na Mooca, há uma edificação tomada. A última residência ocupada, às 4h, está localizada na rua Rio Branco. A Polícia Militar informou que acompanha os movimentos e que não houve confronto com os manifestantes.

http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/apos-confusao-sobre-ordem-de-justica-sem-teto-dizem-que-so-deixam-predios-no-centro-a-forca-20111108.html

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