Alemanha bate de frente com França em polêmica do eurobônus
Alemanha bate de frente com França em polêmica do eurobônus
DA FRANCE PRESSE, EM BRUXELAS
A Alemanha rejeitou tacitamente nesta quinta-feira a criação dos eurobônus como instrumento de reativação do crescimento, uma medida estimulada pela França e que tem ganhado adeptos na Europa.
“A crise não será resolvida com um remédio milagroso, mas sim com o resultado de um trabalho duro, baseado no rigor orçamentário e em reformas estruturais”, disse Merkel em Berlim.
A declaração da chanceler alemã surge um dia depois da reunião de dirigentes da União Europeia, na qual o presidente francês, François Hollande, apresentou este instrumento como uma de suas principais armas de combate à crise.
Para a Alemanha, os eurobônus, uma emissão conjunta de dívida dos países da Eurozona, “recompensaria os países menos disciplinados e castigaria os bons alunos”, que atualmente obtêm financiamentos mínimos nos mercados.
“Não faz sentido o uso de instrumentos aparentemente solidários, mas que na verdade apenas agravam a crise”, disse a chanceler.
‘GRAVADO’ NA AGENDA
O novo presidente francês, no entanto, pediu a seus sócios que a “perspectiva” dos eurobônus fique gravada na agenda da próxima reunião de dirigentes de 28 e 29 de junho.
“Caso Hollande coopere com os esforços de Merkel para obter uma ratificação rápida na União Europeia ao pacto de disciplina orçamentária, a líder alemã acabará cedendo”, disse uma fonte à agência France Presse.
editoria de arte/folhapress | ||
![]() |
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que a proposta voltará a ser debatida em junho.
“Os eurobônus formam parte de um plano de longo prazo que se iniciará na próxima reunião para fortalecer a união monetária”.
‘MOMENTO CRUCIAL’
O presidente do Banco Central Europeu, o italiano Mario Draghi, reconheceu nesta quinta-feira em Roma que a União Europeia vive “um momento crucial” de sua história e que se faz “necessário” um pacto para o crescimento que respeite também a disciplina orçamentária.
Para que o processo de integração da Europa sobreviva, é preciso dar um salto valente”, disse ele em uma coletiva realizada na Universidade de Roma, La Sapienza.
Draghi reconheceu que a crise da dívida mostrou os pontos fracos do sistema e reiterou que é preciso um pacto para o crescimento econômico.